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Acusação teme que Bola intimide jurados e testemunhas

Juíza pede que detento não olhe para o réu. imagens do acusado de matar Eliza Samudio com armamento pesado não foram exibidas no plenário

Por Pâmela Oliveira, de Contagem
24 abr 2013, 11h13

O corpo da jovem Eliza Samudio nunca foi encontrado. Mas a repetição de relatos sobre os momentos finais da jovem ficaram gravados na memória do público que tomou conhecimento do caso. Detalhes como o estrangulamento, a frieza do assassino e, sobretudo, o uso de cães para devorar partes do cadáver – algo nunca comprovado – compõe um retrato assustador do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que enfrenta o tribunal do júri de Contagem desde segunda-feira. Com um currículo repleto de acusações de execução, Bola, que já foi expulso das polícias Civil e Militar de Minas, é o último dos principais envolvidos a enfrentar a Justiça. Apesar de dar como certa a condenação, o promotor Henry Castro afirmou ao site de VEJA uma das preocupações com o julgamento: o medo que as testemunhas e os informantes têm de uma vingança do réu.

A acusação e a juíza Marixa Fabiane Rodrigues tomaram, desde segunda-feira, cuidados para evitar que as pessoas intimadas a depor se sentissem intimidadas pelo réu. O primeiro deles, nos primeiros momentos do júri, foi a retirada do processo de imagens em que Bola aparece com armas pesadas, apontando para o observador. A promotoria solicitou também que um DVD com imagens de treinamentos da polícia não fossem exibidas no plenário.

Inicialmente, a medida surpreendeu quem acompanhava o júri. Mas logo se entendeu o motivo. “No julgamento anterior, foi permitido a veiculação de DVDs da defesa de Marcos Aparecido. Após a conclusão dos trabalhos, percebi que na maioria das fotos o réu e outros indivíduos se apresentaram com armas de grosso calibre, apontando armas para quem as via. Ou seja, para os jurados. Se o objetivo é mostrar que o acusado dava aulas de tiros para policiais, isso está provado. Não é preciso exibir as imagens”, disse a juíza, justificando a decisão.

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Testemunha lembra o passado ruim de Bola na polícia

O cuidado tem objetivo principal de evitar que as intimidações interfiram nos depoimentos e, claro, também na decisão dos jurados, integrantes da população de Contagem. “A magistrada, que não é leviana nem irresponsável, entende que seu maior papel no júri é o de conferir aos jurados condições de julgar com tranquilidade. Ela entendeu que aquele material tinha caráter intimidatório”, disse Hemry Castro, referindo-se à decisão da juíza de retirar imagens em que Bola aparece fortemente armado.

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Outro cuidado semelhante foi adotado durante o depoimento da delegada Ana Maria Santos Paes da Costa. O testemunho da policial é fundamental por possibilitar a reconstituição da noite em que Eliza foi executada. Ana Maria ouviu, durante as investigações do caso, o depoimento de Jorge Luiz Rosa, que relatou em detalhes a morte de Eliza. Diferentemente do que fez nos julgamentos de Luiz Henrique Romão e Fernanda Gomes de Castro, em novembro, e de Bruno e Dayanne Rodrigues Souza, em abril, Ana Maria não relatou com detalhes o momento da execução.

Olhares evitados – Na manhã de terça-feira, durante o depoimento do detento Jailson Oliveira, que afirma ter ouvido Bola confessar o assassinato de Eliza na penitenciária Nelson Hungria, foi adotado um procedimento pouco usual. Todas as vezes que o detento precisou passar pelo réu – para ir ao banheiro e também na saída do plenário, por exemplo – policias posicionavam Bola de pé, de frente para a parede, para impedir que os dois se escarassem. Em um desses momentos, a juíza foi enfática ao alertar Jailson para que não olhasse na direção do réu. “Jailson, o senhor fique olhando para mim, por favor”, pediu Marixa.

Ao fim dos depoimentos de terça-feira, o promotor Henry Castro afirmou ao site de VEJA que, devido ao risco de intimidação, ficou satisfeito com a composição do conselho de sentença, com mais homens que mulheres – quatro dos sete jurados são do sexo masculino. “Estou muito feliz com a composição do júri, nesse sentido”, disse o promotor.

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