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Política externa de Macron deve facilitar relações com o Brasil

O resultado das eleições na França deve favorecer as negociações entre Mercosul e União Europeia

Por Gabriel Brust, de Paris
7 Maio 2017, 17h19

A projeto de política externa do recém-eleito presidente francês Emmanuel Macron promete se seguir a linha chamada na França de “gaullo-mitterrandiste”, que favorece o multilateralismo e que está em sintonia com a tradição da diplomacia do Brasil. O perfil liberal do novo líder em tese abre maior espaço para a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, mas nada deve andar antes de 2018.

A vitória de Macron representa uma boa notícia para o Brasil em duas frentes, na avaliação de Gaspard Estrada, diretor do Observatório Político da América Latina, sediado em Paris. A primeira, mais evidente, é a da garantia da permanência da França na União Europeia, que é hoje, tomada em sua totalidade, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Não se deve esperar, no entanto, nenhum movimento mais forte para selar o acordo de livre-comércio entre Mercoul e União Europeia antes de 2018. Menos pela pré-disposição francesa, mais pelo calendário eleitoral do Mercoul. “Maurício Macri tem eleições legislativas difíceis em outubro e o Brasil tem presidencial no ano seguinte. Há uma janela de oportunidade muito pequena logo no início do governo Macron”, afirma Estrada.

Em um segundo aspecto, ter Macron no Palácio do Eliseu pelos próximos cinco anos é sinal de mares calmos na diplomacia. “O princípio da política externa gaullo-mitterrandiste que Macron pretende seguir é importante em um contexto internacional que mudou, com Donald Trump querendo enfraquecer a ONU”, afirma Estrada.

A tradição citada por ele tem bases nos governos de François Mitterrand (1981 – 1995) e foi em parte substituída na França pelo chamado ocidentalismo a partir do governo de Jacques Chirac (1995 – 2007), ganhando força com Nicolas Sarkozy (2007 – 2015). Esta visão, mais alinhada com a direita francesa, prefere ver a França com parte do Ocidente, mais do que uma força autônoma com relações multilaterais por exemplo, com país do hemisfério sul.

A política externa de François Hollande, como grande parte de seu governo, foi de equilíbrio e pouco clara por uma linha ou outra. “Macron é claro em seu discurso de retomar essa tradição. Será uma política externa de continuidade a Hollande, mas com nuances. Por exemplo, a França deve se tornar menos intervencionista do que tem sido na África”, afirma o cientista político.

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Guiana

Ao contrário da Frente Nacional, que há algum tempo cita a divisa entre a Guiana e o Brasil como um exemplo de fronteira descontrolada e porosa a imigrantes ilegais, Macron parece ter pouco interesse na questão. Um episódio durante a campanha se tornou até mesmo caricato disso. Ao ser questionado sobre a crise econômica vivida por este território francês na América Latina, Macron acabou chamando a Guiana de “ilha”. Foi criticado por não saber nem mesmo onde fica o território e teve que se explicar.

É pouco provável portanto que Macron tome qualquer medida para endurecer a fronteira Brasil-Guiana, cuja ponte de ligação construída na época de azeitada parceria entre Lula e Sarkozy, aguarda apenas que o Brasil instale a estrutura de aduana para poder operar normalmente.

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