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Merkel pede que chefe da CIA em Berlim deixe o país

Medida rara entre aliados é retaliação aos recentes escândalos envolvendo funcionários alemães que teriam sido cooptados pelos americanos

Por Da Redação
10 jul 2014, 16h33

Na mais clara demonstração de irritação com a espionagem americana, o governo alemão pediu que o chefe da CIA em Berlim deixe o país. O motivo alegado foi a recusa de Washington a responder às consultas da Alemanha sobre as atividades de inteligência dos Estados Unidos. As relações entre os dois países, abaladas desde o ano passado depois do vazamento de documentos secretos sobre os programas de vigilância dos EUA, que monitoraram até líderes aliados, como a chanceler alemã Angela Merkel. A situação só piorou com a divulgação de que funcionários do governo alemão espionaram para as agências americanas. A revista Der Spiegel descreveu a decisão de expulsar o chefe da CIA como um “terremoto” e acrescentou que esse tipo de tratamento normalmente é reservado apenas para representantes de “Estados pária como o Irã e a Coreia do Norte”.

A revista explicou que houve conversas inicialmente sobre uma expulsão formal do funcionário americano, responsável pelas atividades dos serviços de inteligência dos Estados Unidos na Alemanha, mas depois houve um recuo e o governo decidiu apenas recomendar sua saída do país. “Embora isso não possa ser comparado a uma expulsão formal, ainda assim é um gesto hostil”, afirma a reportagem.

“Pedimos ao representante dos serviços secretos americanos na embaixada dos Estados Unidos que abandonem a Alemanha”, disse em nota a chancelaria alemã. “Nós vemos esses dois acontecimentos como muito graves”, afirmou o porta-voz da chancelaria Steffen Seibert, referindo-se aos espiões atuando dentro do governo. Ele acrescentou que a Alemanha ainda busca uma cooperação “próxima e de confiança” com seus parceiros ocidentais, “especialmente os Estados Unidos”.

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Desde que documentos divulgados pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden indicaram que as comunicações de milhões de alemães eram monitoradas e que um celular de Merkel foi grampeado, o governo do país europeu viu frustrados seus esforços de obter mais explicações de Washington. O presidente Barack Obama chegou a se comprometer em deixar de espionar países aliados, mas a promessa não contentou a Alemanha, que tentou fechar um pacto antiespionagem com os EUA, sem sucesso.

Em viagem ao leste europeu, Merkel afirmou que espionar aliados é “um desperdício de energia”. “Deveríamos nos concentrar em assuntos importantes”. Membros de seu governo também reclamaram. O ministro da Economia, Wolfgang Schäuble, afirmou considerar “uma idiotice” que o seu país seja espionado pelos EUA. “É tanta estupidez que me faz ter vontade de chorar. Sinceramente, isso não agrada à chanceler”.

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A porta-voz do Departamento de Estado Americano, Jen Psaki, disse que o secretário John Kerry não deu detalhes sobre o desenrolar do pedido feito pela Alemanha, mas destacou que os EUA consideram a relação com o país “extremamente importante”.

Espiões em Berlim – Na semana passada, a procuradoria alemã informou que um funcionário do BND, o Serviço de Inteligência Federal, foi preso por suspeita de atuar como agente duplo. O ministro do Interior, Thomas de Maizière, afirmou que os documentos repassados às agências americanas não tinham muito valor. “Entretanto, o dano político já é desproporcional e sério”, afirmou.

Ontem surgiu a informação de que mais um funcionário, desta vez do Ministério da Defesa, estava sendo investigado por suspeita de trabalhar para os EUA. Nos dois casos, o governo alemão convocou o embaixador americano em Berlim para prestar esclarecimentos. Merkel já havia considerado a situação “grave”, mas ainda não havia tomado nenhuma medida prática com relação ao novo escândalo.

(Com agência Reuters)

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