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Israel reage a onda de ataques que impõe novo desafio ao país

Reforço na segurança, destruição de casas de terroristas, mudança em regras de porte de armas são algumas ações colocadas em prática pelo governo diante dos atentados com novas características perpetrados contra israelenses

Por Da Redação
19 nov 2014, 09h05

A segurança em Jerusalém foi reforçada nesta quarta-feira, depois do ataque a uma sinagoga que deixou cinco mortos e seis feridos, três em estado grave. As orações foram retomadas no local do massacre e Israel partiu para a ofensiva ao anunciar a destruição da casa de um palestino responsável pela morte de duas pessoas em um atropelamento deliberado, como forma de dissuadir novos atentados.

O ministro de Segurança Pública, Yitzhak Aharonovitch, anunciou a possibilidade de restrições ao porte de armas por israelenses para autodefesa podem ser “aliviadas”. A mudança na regra valeria para todos que possuem licença, como seguranças privados e militares, que poderiam andar armados mesmo fora do trabalho.

O ministro da Economia, Naftali Bennett, pediu ao governo que lance uma operação militar em Jerusalém Oriental para “atingir a fonte” do terror. “Precisamos partir da defesa para o ataque, como fizemos na operação Limite Protetor”, disse, em entrevista à emissora de rádio mantida pelas Forças de Defesa de Israel, fazendo referência à ofensiva israelense em Gaza iniciada em 8 de julho e encerrada cinquenta dias depois. “Realizar prisões, criar canais de inteligência, permanecer sempre lá, e não apenas quando há um ataque terrorista”, acrescentou.

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O premiê Benjamin Netanyahu prometeu uma reação forte ao atentado, que considerou resultado de incitações de lideranças palestinas. Na noite de ontem, ele fez um chamado à unidade nacional contra os que “disseminam difamações contra o Estado de Israel”, destacando a Autoridade Palestina e o Hamas, grupo terrorista que exerce o poder totalitário em Gaza. Mesmo depois de o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, ter condenado o ataque, Netanyahu elogiou a atitude de Abbas, mas insistiu que suas palavras “não eram resposta suficiente”.

Se alguma condenação veio do lado do presidente da Autoridade Palestina, o mesmo não pode ser dito em relação ao Hamas, que, ao contrário, não apenas elogiou o atentado como pediu que as “operações de vingança” continuem.

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Caio Blinder: Por que mataram judeus em uma sinagoga de Jerusalém?

Massacre – O ataque foi perpetrado no bairro de Har Nof, em Jerusalém Ocidental, popular entre estudantes do judaísmo. “O que eu vi foi horrível”, disse ao Washington Post Avi Nefoussi, paramédico que foi um dos primeiros a entrar na sinagoga depois que os terroristas foram mortos. “Eu vi vários corpos no chão, alguns de pessoas que eu conhecia, e duas pessoas gravemente feridas a bala”.

“Foi como nas fotografias que vimos do Holocausto, com judeus enrolados em xales de oração, filactérios nos braços e nas cabeças, em enormes poças de sangue no chão da sinagoga”, disse uma testemunha à revista Foreign Policy. “Parecia um massacre”.

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Mirit Sandori, moradora do bairro que trabalha em um supermercado, disse ao jornal que estava chocada com o atentado, mas não surpresa. “Não temos segurança aqui e a situação já está tensa em Jerusalém faz tempo”.

“Isso é uma batalha por Jerusalém”, destacou o premiê Netanyahu em pronunciamento transmitido pela televisão, insistindo que o governo israelense nunca vai desistir da cidade. Os palestinos querem o leste, ocupado por Israel, como capital de um futuro Estado.

Os Estados Unidos, aliados de Israel, condenaram o atentado e pediram que todos os lados envolvidos reduzam as tensões. “Não há e não pode haver justificativa para ataques contra inocentes civis”, ressaltou o presidente Barack Obama. “Pessoas inocentes que foram fazer suas orações acabaram cortadas e mortas em um lugar sagrado, em um ato de puro terror”, afirmou o secretário de Estado John Kerry.

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Reinaldo Azevedo: Cercado por inimigos, Israel não vai deixar barato

Lobos solitários? – Ainda não está claro se os dois agressores agiram sozinhos ou em nome de alguma organização. Ontem, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas a polícia afirmou que ainda está investigando o caso e familiares dos terroristas disseram que os dois primos não faziam parte de nenhuma facção.

Para Michael Oren, historiador e ex-embaixador de Israel para os Estados Unidos, os ataques em Jerusalém podem ser comparados às ações de terroristas locais em países ocidentais. “Para as forças de segurança israelenses, isso constitui um desafio diferente”, disse ao Wall Street Journal. “Também estamos lidando agora com ataques semelhantes que podem ser realizados de forma aleatória e espontânea. É muito difícil, do ponto de vista de segurança, de prever e evitar esse tipo de atentado”.

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Se os conflitos anteriores tinham como marca ataques suicidas estimulados por organizações e chefes terroristas, o período atual tem sido caracterizado por atentados individuais, mais difíceis de serem parados.

O ataque de ontem o pior perpetrado contra israelenses em Jerusalém desde 2008, quando oito estudantes foram mortos por um atirador em um seminário judeu. E ocorreu em um momento de tensões elevadas na região, depois de uma série de atropelamentos deliberados e ataques com facas registrados nas últimas semanas.

“Esse tipo de ataque não acontecia há anos. Tanto em termos de tamanho como de escala, e também em relação ao local onde ocorreu, um bairro calmo de Jerusalém, e não dentro da Cidade Velha, onde há muita tensão”, destacou o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld.

Preocupada com a possível reação de judeus ao atentado, a polícia advertiu os israelenses a não tentarem fazer justiça com as próprias mãos. Na noite de ontem, centenas de manifestantes de extrema-direita gritaram “morte aos árabes” e bloquearam ruas. Mais de vinte pessoas foram presas. No bairro de Jabel Mukaber, onde os agressores moravam, a polícia israelense entrou em confronto com palestinos que dispararam foguetes contra as forças de segurança.

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