Juventus contrata Higuaín, o terceiro mais caro da história
Transferência não chocou apenas pelos valores: torcedores do Napoli, incluindo o ídolo Maradona, não perdoaram a ida do argentino para o eterno rival
O maior pesadelo para a torcida do Napoli se concretizou nesta terça-feira. O atacante argentino Gonzalo Higuaín, artilheiro do último Campeonato Italiano, deixou a equipe do Sul da Itália para reforçar a Juventus, clube mais detestado pelos napolitanos. O clube de Turim desembolsou 90 milhões de euros (322,5 milhões de reais), valor que faz de Higuaín o terceiro jogador mais caro da história do futebol.
Apesar de contestado por suas atuações pela seleção argentina – perdeu chances claras de gol nas finais da Copa do Mundo de 2014 e das Copas América de 2015 e 2016 – Higuaín alcançou o pódio das maiores transferências, atrás apenas de Gareth Bale (vendido pelo Tottenham por 101 milhões de euros) e Cristiano Ronaldo (94 milhões pelo Manchester United), ambos para o Real Madrid. Sua venda, porém, não chocou apenas pelos valores.
Higuaín passou de herói a traidor na cidade de Nápoles. Até mesmo o maior ídolo da cidade, Diego Armando Maradona, criticou a escolha do compatriota e culpou seus empresários. A rivalidade entre Juventus e Napoli extrapola a esfera esportiva e representa as tensões entre as regiões norte (mais rica) e sul (mais pobre) da Itália.
Os torcedores do Napoli não perdoaram a mudança de Higuaín e nos últimos dias espalharam mágoa pelas redes sociais. Os napolitanos mais exaltados rasgaram ou queimaram camisas do antigo ídolo, enquanto outro jogou o uniforme no vaso sanitário e deu descarga.
A transferência levantou discussões sobre o batido “amor à camisa” e sobre a falta de identidade dos estrangeiros com os clubes italianos. Nesta terça-feira, até mesmo o meia Franceso Totti, uma lenda da Roma, fez duras críticas ao comentar a saída de Higuaín e também do bósnio Miralem Pjanic, que trocou a Roma pela Juventus.
“Os jogadores de hoje são como nômades, seguem o dinheiro e não o coração”, disse Totti em entrevista ao jornal Gazzetta dello Sport. “Se fosse por mim, voltaríamos à época em que cada time tinha apenas dois estrangeiros. No nosso time, não falamos mais italiano, até o massagista fala inglês”, atacou o jogador de 39 anos, que renovou por mais uma temporada com o único clube que defendeu na carreira.