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Filho de Marcelo Rezende posta texto lido na missa de 7º dia

Ao lado do texto, um inédito deixado pelo jornalista, Diego publicou uma foto, ainda criança, no colo do pai

Por Da redação
11 out 2017, 12h08

Diego Esteves, filho do apresentador Marcelo Rezende, morto há três semanas vítima de um câncer, publicou uma homenagem ao pai com um texto inédito do jornalista, lido pelos filhos em sua missa de sétimo dia. Ao lado do texto, uma foto de Diego, ainda criança, no colo do pai.

O texto começa contando como Marcelo e a família moravam dentro de uma escola do Serviço de Assistência ao Menor na Ilha do Governador, no Rio. A residência ficava próxima ao aeroporto internacional Tom Jobim. As aeronaves despertavam a imaginação do menino Marcelo e ele perguntava para a mãe, que trabalhava na Aeronáutica, o que se comia durante as viagens de avião.

A mulher, no entanto, nunca tinha feito viagens do tipo e não sabia responder. “Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a ‘comida de avião’. Que decepção. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor”, escreve no texto. Marcelo cresceu, se tornou jornalista e, segundo conta no texto, chegou a fazer 54 viagens internacionais em um só ano.

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Na parte mais emocionante do relato, Marcelo finaliza contando que tem um filho morando “em cada canto” e que eles vão viajar muito. “Antes que você me faça alguma pergunta, vou dizer logo. Nós — você e eu — vamos viajar muito a partir de agora”, escreve. “Boa viagem meu pai”, se despede Diego em sua postagem.

Em junho, Diego já havia feito uma homenagem ao pai em decorrência do Dia dos Pais, comemorado em alguns países do mundo no terceiro domingo do mês. “‘A única luta que se perde é aquela que se abandona’, disse Che Guevara, mas bem que poderia ter saído da boca do meu velho. Feliz Dia dos Pais”.

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Texto inédito do meu pai @marcelorezende.oficial que lemos com as minhas irmãs na Missa do Sétimo Dia: "Quando pequeno meu sonho era comer 'a comida do avião'. Morávamos – meus pais e meu irmao de criacão – numa escola do antigo SAM – Servico de Assistência ao Menor, a Febem da época. Meu pai Jaures conseguira um emprego. Finalmente. E nós ganhamos o direito de ocupar uma pequena casa dentro da Escola Granja, um reformatório para meninos endiabrados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Eu incluído nessa leva. A escola ficava às margens do aeroporto internacional do Galeão, hoje  Aeroporto Tom Jobim. A cada instante aviões passavam sobre nossas cabecas – bem baixinho e com seu ronco assustador para um moleque de seis, sete anos.  Minha mãe Áurea, por coincidência, trabalhava como funcionária administrativa da Aeronáutica em outro aeroporto, o até hoje Santos Dumont, no centro do Rio. Eu perguntava: "Mãe, no avião se come? Que que come lá?" Minha mãe não sabia responder – jamais subira num avião. Não havia dinheiro para isso. E inventava histórias. Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a "comida de avião". Que decepcão. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor. Mudei a pergunta: "Mãe, avião leva a gente prá onde?". Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender?  Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu comecaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais – uma por semana. Meu recorde. Mas só aos 30 e pouco anos de vida tive dinheiro para entrar num avião "à passeio". Era minha nova moda. Já rodei todos os continentes – se bem que Argentina, Holanda e Franca são alguns dos roteiros que mais faco. Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia – dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faca alguma pergunta, vou dizer logo: nós – você e eu – vamos viajar muito a partir de agora." Boa viagem meu pai.

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