* Costuma-se falar que o Judiciário é o mais corrupto dos poderes no Brasil, pois seria o menos transparente e o mais sujeito a pressões econômicas de modo sutil (não há, por exemplo, financiamento de campanhas para juiz). Mensagens no whatsapp de uma advogada que trabalha(va?) para a JBS mostram a ampla influência de dinheiro sujo em várias decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a série C do Judiciário brasileiro. O Supremo Tribunal Federal, por enquanto, saiu incólume. Não há evidencia de influência indevida em alguma decisão do STF.
* A Operação Carne Fraca, que revelou muita corrupção no Ministério da Agricultura, não tocou em tudo. A JBS pagou durante anos cerca de 200 fiscais do Ministério da Agricultura para que não aplicassem regras de fiscalização sanitária a seus frigoríficos. O valor por fiscal chegou a R$ 20 mil por mês. Isso poderia ser minimizado caso os fiscais fossem nomeados com critérios exclusivamente burocráticos (não necessariamente meritocráticos). A profissionalização da burocracia brasileira é razoável em perspectiva comparada, mas há vários núcleos de corrupção nos quais cargos de confiança reinam. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários alerta o ministério há tempos sobre este problema, mas o processo de nomeação nas superintendências estaduais não muda.
* E Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES? Estamos esquecendo de alguém nesse áudio bêbado…
* Mais até do que a Odebrecht e outras empreiteiras, a JBS mostra que doações legais e ilegais andam lado a lado. Não há como entender uma sem entender a outra. Em 2014, a JBS foi a empresa de capital aberto no Brasil que mais doou para campanhas políticas. Foram R$ 113 milhões (2,21 geddeis) declarados através de 3 CNPJs. Segundo o “Valor Econômico”, este número equivale a pouco mais da metade do valor distribuído a acionistas da empresa em 2013. Parece que quem se dava bem mesmo com o esquema eram os irmãos Batista.
* José Batista Júnior, irmão mais velho de Joesley, chegou perto de se candidatar ao governo de Goiás nas eleições de 2014. Sua movimentação, descrita por Consuelo Dieguez, encontrou resistência velada, via notinhas na imprensa local, dos caciques estaduais. A política goiana é suja. Talvez JBJ quisesse gastar menos dinheiro com lobby (“advocacy”) e, em vez de influenciar políticas públicas, determiná-las. Com a tentativa fracassada de tornar a fiscalização agropecuária exclusividade da burocracia federal (uma boa decisão de Romero Jucá…), não convém irritar os políticos goianos.
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