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Flecha de Índio acerta na mosca em debate entre vices

Ontem, o Estadão realizou um debate entre Índio da Costa (DEM), Michel Temer (PMDB) e Guilherme Leal (PV), candidatos a vice, respectivamente, nas chapas lideradas por José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Abaixo, segue um dos textos publicados pelo Estadão. A impressão que tenho é que Índio deve participar mais dos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h30 - Publicado em 18 ago 2010, 06h55

Ontem, o Estadão realizou um debate entre Índio da Costa (DEM), Michel Temer (PMDB) e Guilherme Leal (PV), candidatos a vice, respectivamente, nas chapas lideradas por José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Abaixo, segue um dos textos publicados pelo Estadão. A impressão que tenho é que Índio deve participar mais dos debates…

Ainda que Guilherme Leal tenha tentado ser irônico ao falar do “Índio com seu arco e flecha”, a verdade é que o deputado, na transcrição que segue, parece ter papado os adversários sem muitas dificuldades. E, com efeito, o vice de Serra foi ao ponto. Se Temer concordar com a proposta de Lula de que as Farc virem um partido e disputem eleições, por que não, então, o PCC e o Comando Vermelho? Na mosca!
*
Por Flavia Tavares, no Estadão:
No primeiro debate entre os candidatos à Vice-Presidência das chapas mais bem situadas nas pesquisas, promovido pelo Grupo Estado, o suposto envolvimento de Dilma Rousseff e do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) voltou a pautar a discussão.

Índio da Costa (DEM), vice de José Serra (PSDB), afirmou que a candidata petista ainda não explicou claramente sua relação com as Farc e Michel Temer (PMDB) defendeu a titular da chapa: “Acusar Dilma de envolvimento com o narcotráfico é muito grave”. Guilherme Leal (PV), vice de Marina Silva (PV), procurou não se envolver na discussão dos oponentes, mas afirmou que “é muito provável que o narcotráfico permeie, sim, a política brasileira”. Foi o momento mais quente do encontro, realizado no auditório do Estado, com mediação de Roberto Godoy e participação dos jornalistas Julia Duailibi, Malu Delgado, Roldão Arruda e Luiz Rila.

Os candidatos divergiram também em outros temas ásperos, como a legalização do aborto, a autonomia do Banco Central e o MST. “Não considero o MST um movimento social”, declarou Índio. Temer retrucou, declarando que “os movimentos sociais são bem-vindos”.

Temer: Começo dizendo de forma absolutamente radical, por formação pessoal e profissional, e até pelas palavras da candidata Dilma sobre o tema, que o que está fora da lei não será tolerado. Aliás, o governo Lula conseguiu pacificar os movimentos sociais. Esta é a primeira eleição em que as pessoas irão às urnas sem – me permitam o neologismo – “raivosidade”. Antes, alguns setores iam raivosos para as eleições ou preocupados com a raiva de outros. Agora, vamos para uma eleição tranquila, com os movimentos sociais pacificados. A candidata Dilma não se opõe ao MST, desde que ele aja nos limites da lei. Os movimentos sociais são bem-vindos na nossa campanha.

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Leal: A posição da Marina Silva tem sido muito clara. Por um lado, ela reafirma seu compromisso com os pequenos agricultores e com a agricultura familiar. Por outro, diz com clareza que qualquer movimento social deve agir dentro do estrito cumprimento da legislação. Assim será no seu governo. Há uma oportunidade única para a agricultura moderna do Brasil se aliar à conservação. Podemos ser modelo da agricultura que integra o pequeno agricultor ao grande agronegócio.

Índio: Essa pode ser a posição do Michel Temer, mas a da Dilma não é bem essa. No dia 20 de abril, ela colocou o boné do MST, confraternizando com a turma toda do movimento. No dia 10 de julho, o (João Pedro) Stédile, líder do MST, falou com todas as letras que num governo Dilma ia ser moleza invadir terra. Dilma recuou, mas levou 20 dias para isso. Este governo foi frouxo com relação a invasões de terra como tem sido frouxo com relação à entrada de drogas por nossas fronteiras. Na medida em que foram repassados indiretamente R$ 160 milhões para o MST a gente sabe o que isso pode significar para o País. Discordo que os movimentos sociais estejam pacificados. Muitos deles estão recebendo recursos do governo e, de alguma maneira, se tornam aliados. Não reconheço o MST como movimento social, pois é um movimento que invadiu, neste governo, quase 2 mil terras.

Índio: Até agora, a Dilma não respondeu se há ou não ligação entre o PT e as Farc. Também não considero as Farc movimento social. Elas são financiadas pelas drogas e droga é o maior mal que tem no nosso país do ponto de vista da segurança e da saúde. Vamos tratar dos que usam drogas, mas isso não quer dizer que tenhamos alguma ligação com as Farc. Aliás, as Farc não teriam coragem de me chamar para uma reunião, porque, se chamar, levo a Polícia Federal e prendo. O presidente Lula, em abril do ano passado, sugeriu em entrevista que as Farc virem partido político para chegar ao poder. Sou contra as Farc, sou contra as drogas, sou contra as Farc no poder. Teria muita vergonha de propor ao Comando Vermelho ou ao PCC que virassem partido político para chegar ao poder.

Temer: Sabe qual é a tradução da frase do presidente Lula? Nada de movimento subterrâneo, de movimento guerrilheiro. Se vocês, das Farc, quiserem chegar ao poder, exercitem a democracia e criem um partido político para disputar democraticamente o poder. Agora, relacionar a Dilma com o narcotráfico é uma coisa grave. Não consigo captar como se pode relacionar a Dilma, uma mulher que pensa o combate às drogas, com o narcotráfico. Não há relação nenhuma entre o governo brasileiro e as Farc.

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Leal: Não quero entrar nessa polêmica que se estabeleceu logo após a indicação do aguerrido deputado Índio da Costa, com seu arco e flecha. Mas eu diria que a política brasileira precisa ser oxigenada. Precisa ser mais pautada por valores. É muito provável que o narcotráfico esteja de alguma forma permeando segmentos da política brasileira, de diversos partidos e de diversas regiões do País, porque o narcotráfico internacional é muito poderoso. A própria estrutura de segurança precisa de uma reforma profunda e radical, não apenas de um ministério, como o candidato José Serra propôs. Hoje, parte dos recursos que são repassados do governo federal para os Estados pode ir parar na mão de milícias, que controlam o tráfico de algumas regiões onde o Estado não entra.

Leal: Nossa decisão de começar sozinhos essa trilha é uma proposição de, livres, leves e soltos, propor à sociedade brasileira alianças programáticas, e não pragmáticas. É uma nova forma de fazer política. O Brasil de FHC e de Lula avançou, mas não construiu uma política satisfatória. Precisamos de uma nova maneira de governar, mais limpa e transparente. Perguntam como um partido com a base tão pequena poderá governar sem repetir os mensalões. Nossa resposta é que é melhor convidar as melhores lideranças de cada partido e dos não-partidos para se unir em torno daquilo que o povo brasileiro ungiu como o melhor programa do que continuar a reproduzir esse loteamento pragmático que tem sido feito previamente às eleições. A mãe das reformas é a reforma política.

Índio: Existe uma enorme diferença entre o mensalão do PT e o do DEM. No Democratas, o (José Roberto)Arruda foi expulso, quem assumiu no lugar dele também e o seguinte também. Foram três expulsos. Diferentemente do PT, onde o José Dirceu está operando para eleger a Dilma. E ainda tem discussões sobre quem ocupa qual ministério, Dirceu de um lado, Palocci do outro. Não é esse tipo de governo que o Brasil precisa. O mensalão se transformou em distribuição de cargos. Não podem mais distribuir dinheiro, mas passaram a distribuir poder.

Temer: É preciso invocar a história brasileira. O Brasil Colônia tinha a história do santo do pau oco, porque se escondia o ouro dentro do santo para que não se entregasse o que era devido a Portugal, o que era irregular. Com isso, quero dizer que a corrupção era uma coisa endêmica no País. Avançamos muito. Nos casos de mensalão, houve uma apuração, e essa gente está sendo processada. É fruto da evolução dos costumes nacionais. Na Câmara dos Deputados, estabelecemos a transparência absoluta. Não há despesa de deputado que não vá para a internet. Quem encontrar falha imediatamente denuncia.

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