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Por Vilma Gryzinski
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Os lobos e os cordeiros: terrorismo provocará reação social

Até quando ingleses vão marchar quietinhos para o matadouro? Até a hora em que começarem a reagir. É o resultado lógico e terá consequências de arrepiar

Por Vilma Gryzinski 4 jun 2017, 10h59

Não vai ser dessa vez, nem da próxima que já está sendo armada, nem da outra. Mas também não está muito longo o momento em que os ingleses vão parar de levantar os braços na sequência imediata de um ataque terrorista.

Muitos já perceberam que não adianta acender velas, depositar flores, cantar Don’t Look Back in Anger (“Não ponha, por favor,  sua vida nas mãos/ de uma banda de Rock’n’Roll/ que vai jogar tudo fora”). Apesar dos bons propósitos, a hashtag Pray For London é de fazer chorar. De raiva.

Mas os que se revoltam ainda não sabem o que fazer. Numa comparação muito, muito remota, mas que ajuda a aproximar os mundos em derretimento por processos completamente diferentes, estão como os brasileiros atônitos e sem respostas diante da falta de opções face à corrupção sistêmica. O problema deles é o terrorismo sistêmico.

Na quinta-feira, todos os países que formam o reino vão votar. Theresa May, a primeira-ministra que convocou a eleição antecipada na certeza de que receberia um apoio maciço para negociar o Brexit, agora combate a mãe de todas as dúvidas.

A dedicada e durona Theresa May, em companhia de todo o establishment, tem demonstrado que os métodos sofisticados e inteligentes usados para combater o terrorismo estão revelando falhas trágicas.

Os corpos despedaçados das 22 vítimas de Manchester, das quais 17 eram meninas e mulheres, jazem como prova. Agora, na companhia dos sete atropelados e esfaqueados em Londres.

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FALSO APAZIGUAMENTO

Não só faltam opções aos eleitores britânicos que quiserem manifestar sua desconfiança, como a alternativa é de arrepiar. Jeremy Corbyn, o líder de extrema-esquerda do Partido Trabalhista, é um conhecido simpatizante de terroristas, tanto dos irlandeses católicos na época da luta armada, quanto dos palestinos mais radicais.

Ele também defende a abertura das fronteiras e o desarmamento nuclear unilateral. Como um candidato com propostas assim pode sequer ser viável?

Primeiro, pesam os fracassos de May. Antes de ser chefe de governo, ela foi ministra do Interior, durante anos de controle do terrorismo interno que, agora, se revela completamente descontrolado.

Segundo, ele usa o argumento do apaziguamento. Tudo o que está acontecendo de horrível é porque “fomos lá nos países deles” participar de suas guerras. Em resumo, segundo este argumento: a culpa, no fundo, é dos próprios britânicos, que foram atrás da cabeça dos maiores criminosos de todos, os americanos.

 

BATALHÃO DA ESPADA

O argumento é absurdo por várias portas de entrada. A desgraça na Síria, a maior do mundo muçulmano, é  autóctone, produzida por seus próprios elementos internos e alucinadamente ampliada por intervenções externas.

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A da Líbia, onde foram gerados e treinados os lobos que  agora caçam cordeirinhos ingleses, é mais absurda ainda. Terroristas como o de Manchester, Salman Abedi, e os dos grandes atentados de Paris, saíram da mesma matriz, a Katibad al-Battar. Ou Batalhão da Espada – não qualquer uma, evidentemente, mas a de um determinado e conhecido profeta oriental. Dica: não é Buda nem Zaratustra.

Este grupo é um dos braços do Estado Islâmico, formado por líbios, nativos ou provenientes de países europeus. Fortaleceram-se no combate ao regime de Muamar Kadafi, derrubado por força da intervenção armada da Grã-Bretanha e da França.

Depois que militares britânicos e franceses fizeram o serviço por eles, os militantes do Estado Islâmico passaram a planejar e executar a morte de civis britânicos e franceses em seus próprios países – além claro, de continuar a matança mútua na Líbia, extensível ao Egito, onde um dos alvos privilegiados são os coptas, a religião cristã original do país.

Essas inúmeras camadas de complicação podem ser traduzidas, de maneira criminosamente distorcida, pela mensagem de Corbyn: se ficarmos quietinhos aqui, sairmos da campanha contra o Estado Islâmico e abrirmos as fronteiras para quem quiser entrar, “eles” não vão mais matar crianças, mulheres e homens inocentes. entre nós.

 

AUTODEFESA

Há eleitores que acreditam – ou querem acreditar – nisso. Há, evidentemente, os que acham que, ruim com May, por sem ela.

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E há a minoria, inquantificável, dos que começam a pensar na mais básica das reações humanas: se eles nos atacam, nós temos que atacá-los.

Em geral, esta reação de autodefesa, que já acontece em escala reduzida em algumas localidades italianas quando há crimes cometidos por imigrantes africanos, funciona assim. Moradores comuns se armam com utensílios à mão, na ausência de armas de fogo, e atacam casas de onde partiram os agressores.

No caso se países europeus, bairros com maioria ou número considerável de muçulmanos não integrados ou simplesmente acostumados com seu local de residência. A punição coletiva atinge culpados e inocentes, mais a estes, evidentemente.

Os lobos nada solitários que matam “em nome de Alá”, segundo suas declarações explícitas, não ficam esperando vizinhos chegar com paus e pedras.

Atritos assim podem chegar rapidamente a níveis de conflagração social. Quando a desarmada e rápida polícia britânica começar a proteger bairros muçulmanos, a coisa vai piorar. Se não fizer isso, piorará mais ainda.

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MURALHAS DE MAR

A população muçulmana na Inglaterra é de mais de três milhões de pessoais – nem estamos falando em todo o Reino Unido. Em alguns bairros de Londres, passa de 40% do total.

Devido à disseminação político-religiosa das últimas décadas, instituições organizadas da religião muçulmana apoiam ideias extremistas. Também têm como política mais importante denunciar como islamofobia toda e qualquer iniciativa que chame os líderes da “comunidade” a ser agentes responsáveis em relação a mesquitas, pregadores, professores e outros elementos que influenciam seus seguidores a praticar atos de violência.

É exatamente a mesma política seguida pela ala de esquerda do Partido Trabalhista. A campanha, de motivação ideológica, prejudica e até impossibilita programas permanentes de Estado para combater a radicalização.

Quem fez esta análise foi o jurista Nazir Afzal. Ele já chefiou o Serviço Real de Promotoria numa região importante da Inglaterra. Foi o primeiro cidadão muçulmanos a chegar a este posto.

A igualdade de direitos, a liberdade de culto, o respeito pelas diferenças e o horror a qualquer tipo de discriminação são valores conquistados, com sangue, sofrimento e ideias,  ao longo de milênios de história.

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Inglaterra e Escócia foram berços vitais dessas conquistas da humanidade, que remontam ao Iluminismo, ao cristianismo, a Roma e à Grécia Antiga. Mesmo protegidos por muralhas de mar por todos os lados, são também países que reagem rapidamente a ameaças existenciais.

Agora, os povos das ilhas procuram os líderes que os conduzam na proteção de seus valores e suas vidas. Se não encontrarem, vão agir sozinhos.

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