Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Fala, Nunes: deputado pode desvendar guerra de Trump e agências

Presidente da Comissão de Inteligência sabe mais do que diz sobre escutas mostrando contatos de assessores presidenciais com agentes russos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h59 - Publicado em 25 mar 2017, 09h28

Imaginem a reforma da previdência ser derrotada no Congresso nacional e multipliquem por cem. É este mais ou menos o tamanho da derrota de Donald Trump com a retirada do projeto de substituição do Obamacare, o combalido  sistema de saúde que os republicanos sempre abominaram e não conseguiram mudar por enormes divergências internas.

Agora, imaginem uma questão com, potencialmente, maiores consequências ainda. É este o tamanho da guerra travada por meio de vazamentos, declarações públicas e tuítes abusados entre Donald Trump e a cúpula dos serviços de inteligência, da ativa ou já substituída.

Resumo a jato: na etapa final da campanha presidencial, depois da espantosa vitória de Trump, durante o período de transição e a partir do início do novo governo, revelações passadas à imprensa de oposição ao presidente provocaram escândalos e a queda de um assessor importante, o general Michael Flynn.

As informações, às vezes com origem duvidosa ou baseadas no inescapável sistema de escuta dos serviços secretos americanos, sempre convergiam para contatos suspeitos entre assessores de Trump e “os russos” – o embaixador, milionários ligados a Vladimir Putin e outros elementos.

Continua após a publicidade

Na maior conhecida reações, Trump teve um de seus rompantes de sábado de manhã e tuitou que a Trump Tower, onde morava e trabalhava, havia sido “grampeada” por Barack Obama. Os céus desabaram sobre a sua acostumada cabeça.

Não obstante houvesse algumas reportagens anteriores mencionando exatamente as escutas da equipe de Trump, incluindo uma do New York Times cujo título foi mudado de forma a não justificar de alguma forma o presidente, odiado pelo jornal. As forças anti-trumpistas exigiram retratação, pedido de desculpas a Obama e talvez uma longa permanência no cantinho do castigo.

Entrou, então, em cena Devin Nunes, deputado republicano por uma região do interior da Califórnia, onde seus pais são produtores rurais. A família é de origem açoriana, daí o sobrenome português.

Continua após a publicidade

TRAJA PRETA – Nunes preside a Comissão Permanente de Inteligência da Câmara e, assim, tem acesso a informações qualificadas. Tem também uma grande simpatia por Trump, usada agora por adversários para invalidar a bomba que soltou nesse campo minado: uma fonte do ramo revelou a ele que os serviços secretos haviam captado “incidentalmente” conversas de assessores de Trump durante a transição.

A escuta “incidental” é um detalhe vital. Pela lei, criada para controlar o poder massacrante proporcionado pela capacidade dos serviços de inteligência de ouvir absolutamente tudo, quando cidadão americanos aparecem em conversas interceptadas com estrangeiros, o nome deles não pode aparecer nos relatórios.

Apenas 20 pessoas da cúpula da inteligência  e do governo têm poder para “desmascarar” estes nomes, ou seja, tirar a tarja preta que os protege enquanto não houver mandatos e outros procedimentos exigidos pela lei para grampear cidadãos americanos.

Continua após a publicidade

Evidentemente, os nomes foram desmascarados, a começar pelo de Michael Flynn, obrigado a renunciar como conselheiro de Segurança Nacional depois da revelação sobre conversas não declaradas com Sergey Kislyak, o peripatético embaixador russo.

Outro gravemente enrolado é o lobista Paul Manafort, que Trump tirou do comando de sua campanha depois da revelação sobre muitos anos de caros serviços prestados ao partido ucraniano pró-Rússia.

Pouco antes da revelação de Nunes, a agência AP havia dado um furo mais comprometedor ainda: a serviço do magnata russo Oleg Deripaska, Manafort propôs em 2005 um plano de ação para influenciar a opinião pública e de cúpula, na Europa e nos Estados Unidos, em favor de Vladimir Putin.

Continua após a publicidade

Esse tipo de contato altamente suspeito entre pessoas próximas a Trump e o governo russo levanta a hipótese de que os serviços secretos americanos venham cometendo crimes ao divulgar escutas clandestinas e nomes de americanos envolvidos por terem informações que comprometem terminalmente o novo presidente. Move-os, assim, o interesse nacional.

A outra hipótese implica num tipo de crime mais grave ainda: os vazadores teriam motivação política para prejudicar Trump, uma interferência quase impensável na esfera doméstica. Simpatias partidárias estariam na base da motivação.

SESSÃO FECHADA – Nunes não foi muito correto ao visitar a Casa Branca só para falar das novas informações diretamente ao presidente – e levou pauladas metafóricas de todos os lados por causa disso. Foi uma exceção no comportamento de um deputado que parece equilibrado e honesto.

Continua após a publicidade

Trump, claro, comemorou como vitória e se considerou eximido de culpa por causa do tuíte sobre os “grampos de Obama”. Teve pouco tempo para comemorar, o que vem acontecendo sucessivamente, antes de ser tragado pela derrota no projeto de votar a substituição do Obamacare.

As próximas etapas da comissão que Nunes preside, em contrapartida com o democrata Adam Schiff, devem ser acompanhadas com muita atenção. O capítulo mais esperado seria uma audiência pública com James Clapper,  ex-diretor de Segurança Nacional, John Brennan, ex-diretor da CIA, e Sally Yates, ex-secretária interina da Justiça. Mas Nunes decidiu fazer uma sessão fechada.

Numa sessão com James Comey, que aparentemente eximiu Obama de qualquer escuta (aparentemente porque não inclui a tal interceptação incidental), o deputado Trey Gowdy, com seu jeito de caipira sulista e esperteza de ex-promotor, abriu um capítulo interessante.

Usando o método de fazer perguntas que com certeza não seriam respondidas para expor os nomes de todos os integrantes do governo anterior que poderiam “desmascarar” os nomes dos americanos, Gowdy enumerou: John Brennan, a ex-assessora de Segurança Nacional Susan Rice, o ex-assessor Ben Rhodes, a ex-secretária da Justiça Loretta Lynch e sua vice, do Sally Yates. Já dá para tirar muitas conclusões sobre uma chapa que não vai parar de ferver. Dos dois lados.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.