Nebulosa informalidade
Temer, ministros e Mendes não discutiram a reforma política porque não há o que ser discutido a respeito no momento
A informalidade nas relações entre um ministro do Supremo Tribunal Federal e o primeiro time do Poder Executivo, presidente da República incluído, já é algo difícil de digerir perante as normas da República. A coisa assume caráter flagrantemente transgressor quando o ministro Gilmar Mendes recebe em sua casa o presidente Michel Temer acompanhado dos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha sem que o encontro conste da agenda presidencial e mais: a reunião, quando revelada, tem a pauta da conversa maquiada por suas excelências.
Alegarem terem se reunido para discutir a reforma política. Primeiro, não há o que discutir sobre o tema fora de um encontro formal que deveria necessariamente incluir os presidentes da Câmara e do Senado. Em segundo lugar, trata-se de um assunto que não está maduro nem entre os principais autores, deputados e senadores. Não há nada na pauta da aludida reforma, a não ser a movimentação dos parlamentares para resolver a questão do financiamento de campanhas eleitorais. O único interesse ali é conseguir a aprovação de um fundo público no valor de RS$ 3,5 bilhões.
Já o interesse do Palácio do Planalto, como se sabe, é “estancar a sangria” da Lava-Jato de maneira desabrida desde que a operação chegou ao presidente. A reunião e a falsa comunicação não contribuem para a indispensável confiabilidade de tão altas autoridades.