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Programa de estímulos europeu pode ajudar o Brasil

Se o pacote de mais de 1 trilhão de euros ajudar a Europa a voltar a crescer, país poderá colher frutos do aquecimento do mercado consumidor europeu

Por Ana Clara Costa, de Davos
22 jan 2015, 17h14

O pacote de 1,1 trilhão de euros anunciado nesta quinta-feira para estimular o crescimento dos países da zona do euro pode ser uma “colher de chá” para o Brasil, segundo o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros. O programa, feito à semelhança do que foi colocado em prática nos Estados Unidos a partir de 2009, prevê que o Banco Central Europeu compre mensalmente 60 bilhões de euros em títulos soberanos e de empresas privadas, como forma estimular a liquidez, para que haja mais crédito ao consumo e as empresas tenham mais capital para investir. Segundo Barros, que acompanha o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o crescimento europeu combinado com a queda do preço do petróleo tem o potencial de estimular a atividade econômica do Brasil por meio das exportações aos países desenvolvidos e de mais investimentos provenientes da melhora da liquidez na Europa, funcionando como uma espécie de bônus em período de ajuste fiscal. “O Brasil tem ganho de tempo para prosseguir com os ajustes, principalmente se houver, ainda, uma normalização da política monetária dos Estados Unidos”, afirmou o economista.

O pacote anunciado nesta quinta-feira por Mario Draghi, presidente do BCE, era amplamente esperado pelo mercado. Já no início da manhã, as bolsas europeias subiam na expectativa do anúncio, sobretudo após a fala da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em Davos, de que mesmo antes de ter sido anunciado, o programa já estava funcionando – o que podia ser verificado, segundo Lagarde, pela curva de desvalorização do euro ao longo dos últimos dias. Antevendo o impacto do anúncio sobre a moeda europeia, o governo suíço acabou com o limite de paridade entre o euro e o franco na última quinta-feira, o que fez com que a moeda do país europeu se valorizasse 30% em apenas um dia, na comparação com o euro.

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O que motivou a atuação do BCE foi, em especial, a preocupação da Europa com a deflação. A zona do euro terminou dezembro de 2014 com o primeiro mês de deflação desde 2009, o que disparou o gatilho para ação dos bancos centrais da região. A tendência com a desvalorização do euro é que os países periféricos, como Grécia e Portugal, ganhem mais competitividade, apontam economistas. Contudo, os que mais receberão aportes do BCE, por meio da compra de títulos, serão os mais produtivos: Alemanha, França, Itália e Espanha, nesta ordem. A premiê alemã Angela Merkel, também em Davos nesta quinta-feira, elogiou o programa e fez mea culpa sobre a intensidade com a qual a Alemanha defendeu as políticas de austeridade nos anos pós-crise, mas agora se beneficiará da maior quantidade de liquidez injetada na região. “Algumas pessoas nos acusam de sermos muito austeros com nosso dinheiro. Mas a Alemanha tem um desafio demográfico maciço com uma população que envelhece”, afirmou.

Durante a manhã desta quinta, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Larry Summers, aplaudiu a iminência do programa antes ainda do anúncio oficial, mas afirmou que talvez fosse tarde demais para implementá-lo, devido à gravidade da estagnação da economia europeia. Já o economista Nariman Behravesh, da consultoria IHS, afirmou que o lado ruim dos estímulos é que os países mais endividados podem se sentir tentados a ampliar ainda mais seu endividamento, com o aumento da liquidez no mercado.

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