País crescerá mais no 4º tri do que no 3º, diz diretor do BC
Segundo Aldo Mendes, diretor do BC, o impacto da taxa de juros baixa no quarto trimestre não será tão forte como foi no terceiro
Para diretor do BC, dólar tem “gordura para queimar”
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre será melhor que o do terceiro, quando a economia cresceu apenas 0,6%, segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes. Em seminário promovido nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio, ele argumentou que, no geral, o último trimestre costuma ser mais aquecido aquecido.
Mendes atribuiu à redução da taxa de juros e aos efeitos no setor de serviços financeiros o resultado frustrante do PIB do período de julho a setembro. O mesmo não deverá ocorrer no quarto trimestre, quando a economia deverá crescer mais, conforme o diretor do BC. “O efeito da taxa de juros mais baixa não terá o mesmo impacto no quarto trimestre.”
Ele reafirmou a existência de “sólidos fundamentos macroeconômicos no Brasil”, embora, tenha apontado que, no exterior, permanece o crescimento baixo. Ele destacou que o país terminará o ano com investimento direto superior a 66 bilhões de dólares, o que permite financiar a conta corrente. De acordo com Mendes, o balanço de pagamentos não apresenta problemas.
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O diretor do BC ressaltou ainda que o índice de cobertura da dívida externa, de 13,4% do PIB, demonstra que “a solidez das contas externas no Brasil evoluiu”. Para ele, o cenário fiscal brasileiro é melhor do que o de economias avançadas.
Câmbio – Aldo Mendes ainda afirmou que a taxa de câmbio está acima do modelo calculado pelo BC – ou seja, que, pelo menos nesse momento, o dólar pode recuar. “A taxa de câmbio é muito complexa, é uma grande variável. Cada analista, cada instituição tem seu modelo… Tem um pouco de gordura na nossa taxa (cambial)”, afirmou Mendes.
O dólar, no momento em que o Mendes estava fazendo as declarações, estava sendo negociado pouco acima de 2,08 reais na venda, com queda de aproximadamente 0,40%. Às 13h53, a moeda norte-americana recuava 0,55%, a 2,0794 reais.
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As avaliações no mercado já apontavam para a estratégia do BC de não deixar o dólar ultrapassar o teto de 2,10 reais, após várias intervenções na semana passada. A última, na sexta-feira, foi a pesquisa de demanda junto às mesas de câmbio para a realização de leilões de swap cambial tradicional e de venda conjugada com compra. Até agora, o BC não informou se realizará as operações.
Aldo disse ainda que o BC tem bastante espaço para oferecer dólares no mercado spot ou de derivativos, conforme a necessidade. Ele reforçou que a autoridade monetária está preparada para fornecer liquidez, sobretudo neste final de ano, quando normalmente há escassez de recursos.
O diretor voltou a afirmar também que o BC não tem meta de câmbio, ou mesmo uma banda de oscilação. Na avaliação do mercado, no entanto, a autoridade monetária não quer o dólar acima de 2,10 reais nem abaixo de 2 reais.
Aldo disse ainda que o país fechará este ano com Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) de mais de 66 bilhões de dólares. A projeção do BC, até então, era de 60 bilhões de dólares, mais do que o suficiente para cobrir todo o déficit em transações correntes esperado para o período, de 53 bilhões de dólares.
No acumulado do ano até outubro, o IED somava 55,306 bilhões de dólares segundo dados do próprio BC, enquanto o déficit em conta corrente chegou a 39,554 bilhões de dólares.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)