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Protestos levam cenário de guerra a Atenas

Gregos fazem greve contra pacote de austeridade que será votado nesta quarta

Por Da Redação
15 jun 2011, 11h36

Em seu terceiro ano de recessão seguido, a Grécia enfrenta um nível de desemprego recorde de 16,2 %

À espera que o Parlamento vote nesta quarta-feira um novo e impopular pacote de medidas de austeridade, os gregos fazem uma nova greve geral de 24 horas – a terceira somente este ano. O cenário na capital Atenas transformou-se em uma praça de guerra. Em frente ao Parlamento, os grevistas atiram pedras contra a polícia, que responde com bombas de gás lacrimogêneo. Os membros do chamado Movimento Indignado tentaram cercar a sede do Poder Legislativo, com o objetivo de impedir a entrada dos deputados no local, o que deu início aos confrontos.

Os manifestantes empunham faixas que incitam a resistência às medidas econômicas propostas pelo governo. Convocada pelos sindicatos majoritários, a greve paralisa a circulação de trens e navios e afeta também a imprensa, já que foi aderida por jornalistas. Também permanecem fechados os bancos, os ministérios, os serviços voltados ao público, as creches e as empresas estatais em vias de privatização. Os hospitais públicos atenderão apenas casos de emergência, os meios de transporte urbanos serão interrompidos por algumas horas e o comércio em Atenas fechará mais cedo. As exceções desta vez são as companhias aéreas e os aeroportos, que funcionarão normalmente e permitirão os voos para não afetar o turismo.

Cerca de 1.500 policiais isolaram com faixas uma parte do centro de Atenas e construíram barricadas de metal de dois metros de altura para proteger o Parlamento, cercando-o com carros de polícia e canhões d’água.

Pacote – Os gregos protestam contra a implementação de um pacote adicional de medidas de austeridade do qual o país depende para seguir recebendo ajuda da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar a quebra de sua economia.

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Os descontentes convocaram a população, através da internet, para formar uma cadeia humana ao redor do Parlamento, onde está previsto que comece a tramitar o novo acordo de medidas pactuado com a UE e o FMI, à espera de receber um quinto lance de ajuda de 12 bilhões de euros, imprescindível para que o país não quebre no próximo mês. O último pacote de austeridade com o qual o governo pretende acrescentar 78 bilhões de euros ao saldo das contas do Estado e diminuir o déficit a 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, compreende privatizações, cortes salariais, fechamento de empresas públicas e aumentos de impostos.

O primeiro-ministro grego, Yorgos Papandreu, corre o risco de o novo pacote de medidas não obter o apoio de parte de seu grupo parlamentar, que conta com 156 das 300 cadeiras da Câmara. Segundo a imprensa grega, em reunião extraordinária dos ministros de Finanças dos países da zona do euro sobre a Grécia nesta terça-feira, ficou claro que os parceiros europeus exigem que o pacote de medidas e as leis pertinentes sejam aprovados pelo Parlamento grego.

Resgate – Em Bruxelas, ministros das Finanças das 17 nações do bloco monetário europeu debateram até a madrugada sobre como fazer os credores privados partilharem o custo do segundo plano de ajuda em dois anos sem gerar turbulências ainda piores nos mercados financeiros. Eles buscam fechar um acordo na cúpula da União Europeia, nos dias 23 e 24, e vão se reunir novamente na noite de domingo, em Luxemburgo. Um documento da Comissão Europeia, publicado pelo Financial Times, sobre as opções para o envolvimento do setor privado, mostrou as dificuldades que a zona do euro enfrenta para evitar a instauração de um caos nos mercados.

Uma rolagem voluntária de bônus gregos perto do vencimento, defendida pela França e pelo Banco Central Europeu (BCE), oferece o menor risco causar um rebaixamento de rating para a Grécia, mas seria impossível quantificar a contribuição do setor privado antecipadamente. Isso significaria que os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) teriam de entrar com mais capital para inteirar os 120 bilhões de euros necessários em empréstimos, com 30 bilhões vindos de privatizações.

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Uma troca de bônus, envolvendo o adiamento do prazo dos títulos em sete anos, é favorecida pela Alemanha e pela Holanda. Isso levantaria a maior parte do capital exigido, mas teria o maior risco de contágio, com investidores de outros bônus soberanos tomando ações de prevenção para evitar medidas similares em outros países. Uma outra opção, a rolagem voluntária de dívida com incentivos limitados positivos, atrairia uma participação maior e tornaria possível antecipar a contribuição do setor privado, mas elevaria o risco de rebaixamento da Grécia e contágio de outros países.

Em seu terceiro ano de recessão seguido, a Grécia enfrenta um nível de desemprego recorde de 16,2 %. Além disso, o nível de classificação de risco da agência Standard & Poors, que avalia o quanto um país é atrativo para investidores, caiu de B para CCC no caso grego. Na França, bancos locais como BNP Paribas, Credit Agricole e Société Générale viram suas ações cairem pelo mercado considerar que a crise na Grécia poderia afetar as entidades.

(Com agências EFE, France-Presse e Reuters)

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