Europa pressiona Eslováquia a aprovar mudanças em fundo
País trancou a pauta da ampliação do fundo de estabilidade. Primeira-ministra Iveta Radicova anunciou estar à disposição para retomar negociações
Líderes do bloco contavam com a aprovação das mudanças no fundo para aumentar sua capacidade de empréstimo
Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defende uma ação coordenada na Europa para recapitalizar os bancos em dificuldades pela crise da dívida
Os líderes da zona dona do euro passaram a manhã desta quarta-feira fazendo apelos para que os políticos da Eslováquia deixem suas divergências de lado e apoiem a zona do euro, conforme informou o diário português Jornal de Negócios.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, publicaram uma declaração conjunta em que afirmam confiança na Eslováquia para votar a flexibilização do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que aumentará sua capacidade de empréstimo e deverá servir de instrumento para combater a crise econômica no continente. “Permanecemos confiantes de que as autoridades eslovacas e o parlamento estão perfeitamente conscientes da importância crítica do alargamento e da maior flexibilidade do FEEF para preservar a estabilidade financeira na zona euro”, apontou o comunicado.
O parlamento eslovaco rejeitou nesta terça-feira o reforço do FEEF. Na regra atual, basta um voto contra no parlamento europeu de um dos 17 países do euro, e o projeto fica parado. A primeira-ministra eslovaca, Iveta Radicova, anunciou estar à disposição para retomar as negociações. Ela pediu ao governo local um voto de confiança para lidar com a crise.
Proposta para bancos – Enquanto a situação não se resolve no país, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, anunciou que entregará nesta quarta-feira suas propostas à Comissão Europeia para recapitalizar os bancos europeus. “Farei propostas sobre alguns assuntos, entre eles a recapitalização dos bancos europeus”, declarou Barroso em coletiva conjunta em Haia, onde se reuniu com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Barroso defende uma ação coordenada na Europa para recapitalizar os bancos em dificuldades pela crise da dívida.
Entenda o que aconteceria se a Eslováquia rejeitar definitivamente mudanças no Fundo
Na hipótese de a Eslováquia rejeitar definitivamente o fundo de resgate europeu, a zona do euro não ficará sem munições, mas será privada de uma de suas principais armas para combater e evitar um contágio da crise da dívida.
Estes seriam os possíveis cenários caso a Eslováquia torne-se o único dos 17 países da união monetária a dizer não ao reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) decidido em uma cúpula do bloco em 21 de julho.
– A capacidade efetiva dos empréstimos do FEEF não aumentaria para 440 bilhões de euros, e permaneceria em torno dos 250 bilhões atuais. O valor é insuficiente caso a eurozona tenha de resgatar países como Itália e Espanha, terceira e quarta economias europeias.
– Aumentariam os riscos de contágio da crise, já que o Fundo não poderia comprar dívida dos países em problemas nos mercados secundários, onde circulam os títulos já emitidos. Também não poderia oferecer créditos aos países que precisassem de ajuda para recapitalizar seus bancos e prepará-los para uma suspensão de pagamentos da Grécia.
– Dessa maneira, o Banco Central Europeu (BCE) receberia todo o peso dos problemas da crise da dívida.
– Uma rejeição da Eslováquia, por fim, colocaria em dúvida todas as decisões tomadas na cúpula de julho para encontrar uma saída rápida para a crise da dívida, entre elas um segundo pacote de ajuda no valor de 160 bilhões de euros para a Grécia, que inclui uma forte participação do setor privado.
(com Agence France-Presse)