Dona da Sadia e Perdigão terá de pagar multa de R$ 10 mi por sobrecarga de trabalho
Funcionários de uma fábrica da BRF Foods no Paraná eram submetidos a condições exaustivas de trabalho
A Brasil Foods (BRF), proprietária das marcas Sadia e Perdigão, foi condenada a pagar uma multa de 10 milhões de reais por sobrecarga de trabalho em sua fábrica em Toledo, no Paraná. A decisão foi tomada pelo juiz da 1ª Vara de Trabalho de Toledo, Fabrício Sartori, com o objetivo reduzir a quantidade de movimentos que o trabalhador faz por minuto e estabelecer “um ritmo saudável de atividades”. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo jornal O Globo.
A sentença decorreu de uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Cascavel, no Paraná, que constatou que em 2008, a cada 3,88 dias trabalhados, um funcionário sofria acidente ou tinha doença ocupacional. Constataram-se também situações em que os empregados faziam de 60 a 112 movimentos por minuto, bem acima das recomendações de protocolos trabalhistas. Procurada pelo jornal, a companhia informou que vai recorrer.
Peritos informaram que 97,1% dos funcionários da fábrica da BRF Foods em Toledo trabalhavam em condições “alienadoras, extenuantes e cansativas”. Sartori disse que os funcionários submetidos a sobrecarga muscular de pescoço, tronco e membros inferiores e superiores deveriam realizar até 30 movimentos por minuto.
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O procurador do trabalho responsável pelo caso, Marco Aurélio Estraiotto Alvez, ordenou a redução do ritmo de trabalho, a implementação de pausas e recuperação de fadiga de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho e a criação de um rodízio de tarefas. A companhia terá três meses para colocar as medidas em prática e estará sujeita a multa de 1 mil a 50 mil reais por mês se descumprir a decisão. “A decisão é importante porque abre precedente para redução do ritmo de trabalho também em empresas montadoras de aparelhos eletroeletrônicos, linha branca e de veículos”, afirmou Alvez em nota.