Dólar fecha a R$ 2,83, maior cotação desde novembro de 2004
Moeda se valorizou impulsionada pela subida dos juros nos Estados Unidos, os dados negativos vindos da China e as preocupações em relação à economia brasileira
O dólar voltou ao maior patamar de fechamento de 2004 nesta terça-feira, reagindo à insatisfação dos investidores com a situação da economia brasileira e diante dos riscos de racionamento de água e energia e, ainda, do avanço registrado ante outras divisas no exterior.
O dólar subiu 2,12%, a 2,83 reais na venda, maior nível desde 1º de novembro de 2004, quando fechou negociado a 2,85 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1 bilhão de dólares. No mercado futuro, o dólar para março avançava 2,21%, a 2,84 reais.
Dados publicados pela manhã pelo IBGE mostraram que o emprego na indústria avançou 0,4% na passagem de novembro para dezembro do ano passado, na série livre de influências sazonais, porém, acumulou uma queda de 3,2% em 2014. Os dados corroboraram indicadores anunciados recentemente que apontaram a deterioração econômica no país.
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A piora dos indicadores domésticos, a falta de sinalização sobre o balanço da Petrobras e as declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre o câmbio, feitas no fim do mês passado, continuam a minar o apetite por risco dos investidores no Brasil.
Analistas destacaram ainda que a proximidade do feriado prolongado de carnaval no país, durante o qual o mercado ficará fechado, também deixou os operadores na defensiva, preferindo ficar “comprados” em dólar – ou seja, apostando na continuidade da valorização da moeda.
O avanço do dólar ante o real também recebeu impulso da alta da moeda no exterior. O dólar ganhou força ante a maioria das divisas internacionais, beneficiado pelo avanço dos juros dos títulos do Tesouro. A moeda ampliou a alta depois que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de São Francisco, John Williams, afirmou nesta terça-feira que o período de subida dos juros está cada vez mais próximo.
Como os títulos do Tesouro americano são considerados os investimentos mais seguros do mundo – e sua rentabilidade está atrelada à taxa de juros -, quanto maior a expectativa de subida das taxas, mais atrativos os títulos se tornam ao investidor institucional. Com isso, amplia-se a tendência de migração de investimentos de mercados de maior risco para os Estados Unidos. Diante da confiança cada vez menor dos investidores no Brasil, o real acaba sendo mais penalizado.
Nesta sessão, houve também preocupações com a fraqueza da economia da China, importante parceiro comercial do Brasil e referência para investidores em mercados emergentes, foram corroboradas por dados que mostraram que a inflação ao consumidor chinês atingiu em janeiro o menor nível em cinco anos.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)