Seis bancos exigirão garantias de empréstimo à Sete Brasil
Além do britânico Standard Chartered, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú e Santander devem executar R$ 4,5 bilhões em garantias dadas por fundo
Os seis bancos credores da Sete Brasil, empresa criada para administrar as sondas da Petrobras no pré-sal, devem executar as garantias de 4,5 bilhões de reais dadas pelo Fundo Garantidor da Construção Naval (FGCN) no empréstimo à empresa. Essa é uma forma de reduzir os prejuízos dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú BBA, Santander e Standard Chartered com o empréstimo de 12 bilhões de reais dado à companhia, envolvida na Operação Lava Jato.
Além disso, a execução das garantias também é uma forma de pressionar o governo para que o BNDES libere o financiamento de longo prazo para a Sete Brasil, travado desde o ano passado. Isso porque, mesmo executando as garantias do FGCN, os bancos ainda ficariam com um prejuízo de 7,5 bilhões de reais, emprestados à Sete sem garantias.
Nenhum dos bancos quis comentar o assunto, alegando o sigilo bancário de clientes. O FGNC usou o mesmo argumento. Mas, segundo algumas fontes próximas às instituições, a decisão vai na esteira do banco britânico Standard Chartered, que nesta semana foi o primeiro a notificar o Fundo.
O movimento do Standard praticamente obriga os outros bancos a fazer o mesmo, segundo comenta um executivo de uma das instituições. Um dos motivos é que os primeiros a exigir as garantias do Fundo Garantidor recebem um porcentual maior. O rateio da garantia só será igualitário se todos os bancos a executarem ao mesmo tempo, ou seja, o banco que ficar para trás vai receber menos.
Dos 12 bilhões de reais concedidos, o Standard Chartered tem a menor participação, de 250 milhões de dólares (807 milhões de reais). O maior financiador foi o Banco do Brasil, segundo informa um dos acionistas, com empréstimos que superariam 3 bilhões de reais. Bradesco, Itaú BBA e Santander teriam emprestado valores superiores a 2 bilhões de reais cada um e a Caixa teria uma participação menor, de 1,5 bilhão de reais.
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Delação – A situação da Sete Brasil vem se deteriorando desde outubro do ano passado, quando um de seus ex-diretores e ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, assinou acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Sem ter como afirmar se a companhia tinha indícios de corrupção, ficou difícil acertar o financiamento de longo prazo sem que antes a empresa passasse por uma auditoria interna. Além disso, a situação foi agravada com o fato de a Petrobras ter tentado cancelar a contratação de sete sondas.
Em meio a esse imbróglio, a Sete deixou de pagar os estaleiros que contratou para construir as 29 sondas que seriam usadas no pré-sal. Já são mais de 2,5 bilhões de reais em atraso, que deixaram também os estaleiros em situação difícil. Sem o financiamento de longo prazo, a Sete Brasil pode se tornar inviável e deixar um rastro bilionário de prejuízos.
(Com Estadão Conteúdo)