Produtores descartam 500 mil litros de leite por dia em MG
Greve dos caminhoneiros leva produtores de aves a sacrificarem pintinhos por falta de ração
Os produtores de leite da Passos (MG) estão descartando cerca de 500.000 litros da bebida por dia por não conseguirem transportar o produto, reflexo do protesto dos caminhoneiros autônomos contra o preço do diesel, que teve início na segunda-feira. No Paraná, também foi registrado descarte de leite.
“Sem conseguir fazer o transporte, os produtores estão sendo obrigados a descartar o leite. Isso sem contar o agravante da falta de alimentação para os animais”, comenta o gerente administrativo da Associação de Produtores de Leite (Aproleite), Rubens de Melo Vaz.
A falta de alimentos é a preocupação também da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “Está travada em vários pontos a circulação de caminhões de ração, que levariam alimentos para os criatórios espalhados por pequenas propriedades dos polos de produção. A situação nas granjas produtoras é gravíssima, com falta de insumos e risco iminente de fome para os animais”, diz a entidade.
Diante da falta de ração, produtores de aves estão precisando sacrificar pintinhos, como um procedimento sanitário.
“Diferentemente da promessa feita ontem pelas lideranças dos caminhoneiros, ainda não houve a liberação das cargas vivas em vários pontos de parada do movimento de greve nas estradas”, diz a ABPA. “Recebemos relatos de produtores com caminhões transportando animais parados em bloqueios em todo o país. Há casos de animais com mais de 50 horas sem alimentação”, complementa.
A cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura do país está com 120 plantas frigoríficas paradas – produtoras de carne de frango, perus, suínos e outros. Mais de 175.000 trabalhadores estão com atividades suspensas em todo o país.
De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), as paralisações estão gerando um verdadeiro colapso para empresários e consumidores. Com a crise, o setor de abastecimento já se encontra em dificuldades para atender à demanda da população que, assustada com as notícias, corre para os principais pontos de venda a fim de garantir o seu estoque.
Segundo a entidade, o prejuízo nas vendas dos bens não duráveis como alimentos, remédios e gasolina pode ser visto como um primeiro alarme. “No entanto, se essa crise persistir, o problema pode se estender para as vendas bens duráveis como veículos, eletrodomésticos e materiais de construção, gerando uma crise geral para o setor”, diz a entidade.