Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Por que o BC europeu está preocupado com as altas do euro

Fala da autoridade sinaliza importância do valor em relação ao dólar e interrompe ciclo de recordes; valorização demasiada prejudica exportações do bloco

Por Luisa Purchio Atualizado em 2 set 2020, 18h14 - Publicado em 2 set 2020, 18h11

O Euro vinha em ciclo de alta e se valorizou 12% desde o aumento da liquidez do dólar pelo Federal Reserve, o Banco Central americano, para estimular a economia dos Estados Unidos durante a pandemia do novo coronavírus. Na terça-feira 1º, a moeda europeia havia ultrapassado o patamar psicológico de 1,20 dólares em uma variação intradia, o que não acontecia desde 2017. Mas, o que era um marco, virou para queda após uma rara declaração do Banco Central Europeu, dada por Philip Lane, economista-chefe da instituição. “A taxa do euro-dólar é importante”, disse, durante uma conferência online. “Se há forças movendo a taxa euro-dólar, isso alimenta nossas projeções globais e europeias e, por sua vez, alimenta nosso cenário de política monetária.” A frase foi um balde de água fria para os investidores que esperavam que a moeda europeia continuaria se valorizando livremente nos próximos meses. Mas a questão ligou o sinal de alerta na UE.

Tudo indicava, inclusive, para esse caminho de valorização livre da moeda do bloco europeu:  o dólar continua sendo injetado na economia americana, porque o presidente americano, Donald Trump, estendeu até setembro os auxílios emergenciais aos americanos enquanto republicanos e democratas não se entendem no Congresso – o que deve acontecer em breve. Além disso, a União Europeia administrou a pandemia da Covid-19 melhor que os Estados Unidos, primeiro país do mundo em número de contaminados, e os EUA estão à beira de um dos períodos de maior instabilidade política: as eleições presidenciais. Além disso, Banco Central americano não agirá contra a inflação e, ao contrário do que costuma fazer, o objetivo é mantê-la em aproximadamente 2%. Todos esses fatores contribuem com a desvalorização do dólar, mas graças a Lane esse ciclo pausou brevemente.

Por volta das 17h30 dessa quarta, o euro caía 0,45% em relação ao dólar, a 1,1858 dólares.  “O mercado ficou com medo de o BC defender um euro mais baixo, mas acredito que isso só acontecerá se a valorização acontecer de forma muito rápida. Até agora ela vem acontecendo lentamente e de forma ordenada, então não acho ele intervirá”, diz Victor Beyruti, analista da Guide Investimentos. A desvalorização da moeda frente ao Dólar também foi sentida no Brasil. Na quarta-feira, houve queda de 1,21%, com a moeda sendo vendida a 6,35 reais. No último dia 21, o Euro comercial havia atingido 6,69 reais na venda.

A questão chave para a declaração do Banco Central Europeu e a correção de rota é que a valorização em demasia da moeda prejudica as exportações da União Europeia, fundamentais para a economia dos países-membros. Além disso, os dados sobre a inflação negativa divulgados na terça-feira, 1º, também preocupam porque podem mudar a política monetária do bloco. De acordo com o Eurostat, departamento de estatística UE, com base no Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) dos países da zona do euro, a inflação anual da área do euro deverá ser de -0,2% em agosto de 2020, ante 0,4% em julho de 2020.

Continua após a publicidade

Na contramão da moeda, as bolsas europeias fecharam em alta nesta quarta-feira, 2, após quatro pregões de baixa no índice Stoxx 600 Europe, que fechou em alta de 1,66%, aos 371,28 pontos. A Alemanha também encerrou o dia em alta, com o DAX, índice da bolsa de Frankfurt, em alta de 2,07%, a 13.243,43 pontos.

Jeffrey Halley, analista de mercado da Órama também acredita que esse respiro da moeda americana é passageiro: “Embora o dólar dos EUA possa ser definido para alguma consolidação nas próximas 24 horas após os movimentos unidirecionais recentes de baixa, os drivers subjacentes para um dólar mais baixo permanecem bem e verdadeiramente intactos. Rendimentos dos EUA mais suaves, flexibilização quantitativa infinita, o estado das finanças do governo dos EUA e dados sugerindo uma recuperação gradual na economia mundial.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.