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Por que a deflação de agosto não mudará a rota do Copom na semana que vem

Resistência da inflação de serviços e maior difusão do aumento de preços dificultam a tarefa do Banco Central de baixar os juros

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 set 2025, 11h04

Embora seja uma boa notícia para o bolso dos brasileiros, a deflação de 0,11% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrada em agosto não deve alterar o rumo do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), cuja próxima reunião está programada para a semana que vem. O principal motivo é que o fator decisivo para as decisões do Copom é a convergência das expectativas de inflação para o centro da meta de 3% – algo ainda distante e, a julgar pelos números divulgados nesta quarta-feira, 10, ainda difícil de ser alcançado.

Economistas ouvidos por VEJA apostam que o colegiado do BC manterá a taxa básica de juros, a Selic,  em 15% ao ano – patamar em que permanece desde a reunião de junho. “O resultado divulgado hoje não altera em nada a rota do Copom”, afirma Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV. “O BC aguarda uma convergência mais clara das expectativas de inflação para a meta e o grupo de serviços ainda inspira cuidados.”

Segundo o IBGE, a inflação de serviços desacelerou em agosto para 0,39%, ante 0,59% em julho. Embora seja um dado positivo, mais itens de serviços apresentaram alta de preços no mês passado, mostrando que a inflação do setor está se espalhando. Dos 38 itens acompanhados pelo IBGE, apenas seis ficaram mais baratos em agosto, ante oito em julho. Além disso, alguns serviços recuaram por fatores sazonais. É o caso das passagens aéreas (queda de 2,44%, ante salto de 19,92% em julho) e pacotes turísticos (-0,23%, ante +0,23% no mês retrasado). Como se sabe, julho é o mês das férias escolares, o que tende a puxar os preços ligados ao turismo para cima.

A generalização dos aumentos de preço é medida pelo índice de difusão, que mede quantos itens ficaram mais caros de um mês para outro. Em agosto, o índice subiu para 57%, ante 50% em julho. Isso explica ainda porque o IPCA recuou menos que o 0,16% esperado pelos analistas. Por último, a deflação contou com um elemento externo – a entrada em vigor, em 6 de agosto, da sobretaxa americana de 50% imposta às importações provenientes do Brasil. Parte da produção que seria destinada aos Estados Unidos foi redirecionada para o mercado interno e os preços de produtos penalizados, como frutas, carnes e café, recuaram.

Diante de tais elementos, as expectativas de inflação recuam lentamente. Segundo o último Boletim Focus do BC, o mercado interrompeu as revisões para baixo do IPCA, que se seguiam por quatorze semanas consecutivas, e manteve a projeção de 4,85% para este ano. Como o BC já está mirando os próximos anos, as estimativas dos agentes econômicos para 2026 em diante são mais importantes – e os números não são bons. O Focus desta semana mostra que o mercado espera um IPCA de 4,3% no ano que vem, 3,93% em 2027, e 3,70% em 2028 – todos acima do centro da meta.

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“A resistência da inflação em convergir para a meta reforça a expectativa de que o Copom manterá a Selic em 15%”, diz Fernando Ferrer, sócio e chefe de renda variável e fundos imobiliários da Lifetime Investimentos. “A deflação de agosto não deve mudar isso.”

Restam apenas três reuniões do Copom neste ano, previstas para setembro, novembro e dezembro, e a maioria do mercado não espera mais que a Selic comece a cair em 2025, a julgar pelo Boletim Focus. Mesmo o ritmo de cortes previsto para 2026 é lento, com os juros terminando em 12,50%

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