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Os motivos por trás da debandada de investidores estrangeiros da bolsa

A bolsa brasileira manifesta as consequências de um cenário global turbulento, marcado pela desaceleração da economia chinesa e obstáculos internos

Por Luana Zanobia 24 ago 2023, 11h50

A B3, bolsa brasileira, enfrenta um período desafiador com uma retirada maciça de recursos por parte dos investidores estrangeiros. Em agosto, as cifras já atingem a marca de 11 bilhões de reais. O montante já ultrapassa todos os ingressos de julho e supera os 4,28 bilhões de reais retirados em maio, o anterior recordista de saldo negativo no ano.

Embora agosto seja tradicionalmente associado a instabilidades, a realidade sugere um emaranhado mais sofisticado de causas. Estamos diante de um cenário global onde os juros norte-americanos se tornam mais atraentes e o crescimento econômico chinês, vital para a economia brasileira, desacelera. “Em primeiro lugar, vale destacar que a queda do Ibovespa ocorreu em um momento em que outros mercados, particularmente o S&P 500, também operou em baixa. Isto por si só indicaria que a queda do Ibovespa não é um evento local, mas algo mais amplo”, analisa Fernando Siqueira, chefe de pesquisa da Guide Investimentos.

A sequência de quedas do Ibovespa ao longo de agosto espelha as mudanças na economia chinesa, que tem um papel proeminente na demanda global por commodities. Quando sua economia desacelera, como evidenciado pelas reduções na produção industrial e nas vendas no varejo, sua demanda por commodities também sofre uma retração. Isso tem repercussões diretas para países exportadores de commodities, como o Brasil. Empresas brasileiras, como a Vale, que detêm uma parcela significativa de 12,3% no Ibovespa, são sensivelmente afetadas por essas mudanças na demanda. Dado esse contexto, a incerteza em torno da economia chinesa tem incentivado investidores globais a migrar para ativos percebidos como menos voláteis, buscando proteger seus investimentos.

A prudência dos investidores também está alinhada às projeções das políticas de juros internacionais. Enquanto o Banco Central dos Estados Unidos, Federal Reserve, mostra inclinações para um aumento de juros, o Banco Central do Brasil caminha na direção oposta, sinalizando cortes na Selic. “A demanda global por retornos mais altos em títulos de renda fixa nos Estados Unidos é evidente”, diz Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. “O recente rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Fitch Ratings também pesou na equação. Considerando que o país gastará quase um trilhão de dólares em 2023 apenas para pagar sua dívida, não é surpreendente que os investidores busquem um prêmio de risco mais elevado”.

No cenário interno, a temporada de balanços no Brasil também não trouxe boas notícias, com a maioria das empresas apresentando resultados abaixo do esperado em receitas, EBITDA e lucro líquido. “Empresas como Vale, Petrobras e Bradesco divulgaram resultados que desapontaram os investidores. Como estas empresas estão entre as maiores do Ibovespa, os resultados pressionaram o índice”, diz Siqueira, da Guide. Somado a isso, os desalinhamentos na agenda política e legislativa, ligados ao avanço das reformas, potencializam a cautela. Mesmo com alguns progressos recentes – como a aprovação do Arcabouço – essa situação tem contribuído para a saída dos investidores estrangeiros.

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