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Os bons ventos que levaram C&A e BMG a estrear com sucesso na bolsa

Com o início da venda de suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo, chega a cinco o número de grandes empresas a abrir seu capital em 2019

Por Victor Irajá Atualizado em 29 out 2019, 12h31 - Publicado em 28 out 2019, 21h08

Quando anunciado como homem da economia de Jair Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes comprometeu-se a mudar os rumos da área no país. A agenda de reformas e de liberalização do Estado — e, de forma mais concreta, a aprovação das mudanças na Previdência — deram uma segurança aos investidores brasileiros que há tempo não se via. As empresas perceberam o bom momento, e voltaram a buscar uma forma de se capitalizar que vinha adormecida há anos: a abertura de capital, ou IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês). Nesta segunda-feira, 28, o banco mineiro BMG e a loja de roupas C&A estrearam com vigor na Bolsa de Valores de São Paulo, seguindo os caminhos da joalheria Vivara, da loja de artigos esportivos Centauro e da empresa do setor elétrico Neoenergia, que passaram a oferecer suas ações ao mercado mais cedo nos últimos meses. No primeiro dia de pregão, o BMG viu 1,2 bilhão de reais ir direto para o caixa da empresa, enquanto a C&A teve suas ações valorizadas em 3,09%.

O sucesso do IPO foi celebrado de forma incomum: a empresa promoveu um desfile de modelos com as roupas da marca na sede da B3, onde executivos comemoravam sob chuva de papel picado a alta demanda pelos papeis no início do pregão. O prédio da bolsa foi inteiramente decorado pela companhia. A comemoração e expectativa da empresa não pode ser chamada de exagero.

A escolha do momento para que C&A, e também o BMG, passem a negociar suas ações na bolsa não tem nada de aleatório. A medida está diretamente ligada à tendência de cortes de juros por parte do Banco Central, e o abrandamento das incertezas políticas que atingiram o país nos últimos anos. Há a expectativa do mercado de que o PIB brasileiro tenha um incremento de 2% no ano que vem, o que faz com que as empresas busquem se readaptar a partir do retorno do poder de compra da população. O Boletim Focus, do BC, aponta que o Comitê de Política Econômica da instituição, o Copom, deve ceifar pela terceira vez seguida neste ano a taxa básica de juros, a Selic, de 5,5% para 5%. Como têm seus rendimentos lastreados na Selic, os títulos públicos se tornam menos interessantes para os investidores, que passam a buscar alternativas com rendimentos mais altos no mercado de capitais. “Há fundamentos para sustentar um ciclo de crescimento a médio e longo prazo, o que permite que empresas consolidadas possam almejar novos investimentos”, explica Alessandro Farkuh, diretor de investimentos do Bradesco.

Apesar de oferecerem a possibilidade de resultados melhores do que se apostar em títulos públicos ou investimentos na caderneta de poupança neste cenário, o mercado de ações sempre acarreta em riscos maiores. “É importante avaliar o histórico da empresa e o potencial de retorno daqui para frente”, afirma Roderick Greenlees, diretor de investimentos do Itaú. Os bons retornos de empresas consolidadas no mercado de ações prova que, para conquistar belos retornos em suas empreitadas, as instituições, além de ter reconhecimento do mercado, precisam estar com as finanças em ordem.

Aquilo, portanto, que explica os bons resultados da estreia do BMG e das varejistas na bolsa de valores ajuda a entender o desastre da WeWork quando almejou buscar novos investimentos na Bolsa de Valores de Nova York. A percepção do mercado de que as finanças da companhia eram caóticas transformou a entrada da companhia de compartilhamento de escritórios de trabalho num fiasco. O motivo: a empresa gasta demais. Apesar das receitas da WeWork terem somado 1,8 bilhão de dólares em 2018, a empresa teve prejuízo de 1,9 bilhão de dólares. Com o escrutínio nos hábitos financeiros da companhia, o mercado não comprou a ideia de investir em uma empresa irresponsável a entrada na bolsa foi por água abaixo — a empresa anunciou a desistência no final de setembro. “O que faz diferença no potencial de valorização da empresa é o quão forte é o seu negócio“, diz Farkuh, do Bradesco.

É importante, portanto, que investidores façam uma pesquisa rigorosa para não entrar em furadas. E as empresas precisam, claro, fazer o dever de casa para serem bem valorizadas. É o que está fazendo o banco XP Investimentos, que começou a preparar seu ingresso na Bolsa de Valores de Nova York para janeiro de 2020. Segundo análise do banco BTG Pactual, o valor de mercado da XP pode chegar a 60 bilhões de reais. “Agora ninguém chama mais a gente de garotos”, provoca uma agressiva campanha publicitária da XP, lançada em setembro. É possível. No fim das contas, quem vai decidir se eles são mesmo gente grande é o mercado, com base em sua própria performance. Mesmo que Paulo Guedes faça tudo certo.

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