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O ciúme de Guedes e o protagonismo de Maia no centro das reformas

A leitura no Congresso Nacional é de que o ministro anda ressabiado com a atuação do presidente da Câmara em torno da paternidade da agenda

Por Victor Irajá Atualizado em 4 set 2020, 16h48 - Publicado em 4 set 2020, 15h43

Não é de hoje que a relação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o ministro Paulo Guedes está esgarçada. A chamada pública, em entrevista à GloboNews por parte do deputado, dizendo que o diálogo com Guedes estava encerrado depois de o ministro proibir membros de sua equipe de articular-se com Maia, apenas consolida uma ruptura de bastidores, cheia de altos e baixos. A leitura no Congresso Nacional é de que o chefe da Economia anda ressabiado com o protagonismo de Maia nas relações com empresários e entes do mercado, e, claro, a assunção do parlamentar pela paternidade da agenda de reformas, desde as alterações previdenciárias, que o presidente da Câmara puxou para si. A orientação de Guedes para que seus auxiliares encerrassem qualquer tipo de diálogo com o presidente da Câmara foi motivada, segundo parlamentares próximos a Maia, por uma crise de ciúmes do ministro. Antes da ruptura formal, o diálogo entre os dois já estava péssimo.

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O chefe da Assessoria do Ministério da Economia, Esteves Colnago, vinha sendo a ponte entre os dois. Entre os parlamentares, porém, a agenda de Guedes está respaldada e o atrito, tornado público pelo presidente da Câmara, não implica no andamento das matérias enviadas pelo Executivo, como a reforma administrativa. A Frente Parlamentar que analisa o assunto, por sua vez, buscará imprimir as digitais no projeto que veio do Palácio do Planalto. No Congresso Nacional, nomes fortes do governo minimizaram a questão. Como o próprio presidente da Câmara revelou, o telefone sem fio em torno da articulação passou a ser diretamente com Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, e os parlamentares da base, como os líderes do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (MDB-PR), e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO).

Segundo pessoas próximas ao ministro, a orientação não se trata de picuinha, e sim uma opção de centralizar as negociações entre o governo e o parlamento na figura do general Ramos. A ideia é não gerar ruído na tramitação de pautas importantes, como a agenda reformista. A avaliação da equipe econômica é que a articulação do governo junto ao Congresso é feita de forma mais assertiva pela Secretaria de Governo, pasta focada nessas relações. Além disso, houve um ganho na interlocução com a troca da liderança do governo na Câmara. Na avaliação da Economia, o diálogo melhorou com a troca do ex-líder Vitor Hugo (PSL-GO) por Ricardo Barros, considerado mais experiente.

Desde a reforma da Previdência, Guedes e Maia colecionam intrigas por protagonismo. A cizânia mais recente começou logo no começo da pandemia, após o presidente da Câmara pressionar o ministro por ações mais assertivas no combate da crise econômica causada pela Covid-19. Com recursos escassos, Guedes lançou o que pôde nas primeiras semanas, mas foi por iniciativa de Maia que saíram duas das principais medidas que permitiram uma manutenção da renda: a PEC do Orçamento de Guerra, que flexibilizou as provisões de recursos e permitiu créditos extraordinários, e a elevação do Auxílio Emergencial para 600 reais, frente à proposta original de 200 reais vinda do executivo. A disputa de versões em torno da reforma tributária, quando Maia vetou o imposto sobre transações idealizado por Guedes, também apenas acirrou o clima. 

Segundo pessoas próximas a Maia, a falta de traquejo político do ministro, vindo da iniciativa privada, só piorou a situação. Apesar de manter boas relações com parlamentares do Centrão, como o deputado Arthur Lira (PP-AL) e lideranças partidárias, os achaques públicos de Guedes pioram as tratativas. Foi o caso da declaração do ministro de que a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste de servidores, por parte do Congresso, “um crime contra o país”. O Senado quer convocar Guedes para explicar o disparate. Pessoas próximas ao ministro atribuem o tino pelo protagonismo como uma missão divina, afirmando que o chefe da Economia sente-se na missão de encampar alterações importantes na estrutura econômica do país. Apesar das belas propostas que saem dos gabinetes do Ministério da Economia, Guedes precisa entender que as matérias em discussão no Congresso Nacional são a prioridade. 

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