Mercedes cancela 500 demissões e trabalhadores suspendem greve no ABC
Paralisação foi interrompida até o dia 18 de maio na fábrica de São Bernardo do Campo. Decisão foi tomada após o anúncio de proposta da empresa
Os trabalhadores da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo decidiram na manhã desta segunda-feira suspender até 18 de maio a greve iniciada quarta-feira passada. A decisão foi tomada em assembleia realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após o anúncio de proposta encaminhada pela empresa que inclui o cancelamento das demissões de 500 trabalhadores previstas para o dia 4 de maio, a prorrogação do layoff (suspensão temporária de contratos) até o dia 15 de junho e abertura de um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV) para todos os trabalhadores da fábrica.
“Em 18 de maio já tem negociação marcada do sindicato com a empresa para avaliar o resultado do PDV. Se o resultado reduzir e der conta de administrar o excedente, estará resolvido. Se não, haverá nova negociação e a mobilização será retomada com a mesma força e garra”, explicou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Rafael Marques, ressalta que, apesar do quadro difícil em que estão sendo feitas as negociações com a empresa, foi encontrada uma boa saída para o momento. “Conseguimos barrar as demissões sumárias, que não podíamos aceitar. Agora, com a prorrogação do layoff e um PDV com melhores condições para os trabalhadores, vamos continuar a negociação com a empresa”, disse.
Além das negociações, o sindicato também está cobrando do governo federal ações de estímulo à economia e proteção aos trabalhadores. Na semana passada, a entidade encaminhou ofícios aos ministérios da Fazenda, Trabalho, Desenvolvimento Econômico à Secretaria Geral da Presidência da República solicitando urgência na adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE).
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Paralisação – Os trabalhadores na Mercedes-Benz entraram em greve por tempo indeterminado na última quarta-feira, após o anúncio de demissão de 500 dos 715 trabalhadores que estavam com contratos de trabalho suspensos por tempo determinado. Além desses trabalhadores, a Mercedes afirma ter ainda um excedente de 1.400 trabalhadores na fábrica de São Bernardo.
A fábrica emprega cerca de 10.500 pessoas e atualmente opera quatro dias por semana. A unidade também produz ônibus e componentes. Até então, a empresa havia oferecido aos demitidos um pacote de benefícios de um PDV que estava aberto até esta segunda. O programa previa o pagamento de nove salários extras.
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Demissões – Só neste ano as montadoras demitiram 3.600 trabalhadores, boa parte por meio de PDVs. Em todo o ano de 2014 foram fechadas 12.500 vagas. A indústria de autopeças, por sua vez, dispensou 25.000 pessoas no ano passado. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) prevê mais 17.000 cortes neste ano.
(Com Estadão Conteúdo)