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Longe de solução, EUA já sentem reflexos da paralisação federal

Presidente americano se reúne novamente com parlamentares nesta terça para tentar chegar a acordo sobre o orçamento; parques e museus estão fechados

Por Da Redação
1 out 2013, 11h30

Pela primeira vez em dezessete anos, a grande máquina do governo federal – o maior empregador dos Estados Unidos – foi parcialmente paralisada nesta terça-feira. E não há perspectiva de que a situação volte ao normal em breve. Afinal, o impasse entre republicanos e democratas no Congresso segue longe do fim. Os reflexos do quadro já são perceptíveis: as visitas à Estátua da Liberdade, em Nova York, e ao Lincoln Memorial, em Washington, foram suspensas. O mesmo ocorre com as visitas aos parques nacionais, como o Yosemite, na Califórnia. Além disso, tribunais federais serão fechados e a emissão de passaportes deve atrasar. Entre os efeitos da paralisação estão a suspensão dos salários de quase 800 000 funcionários públicos – existem mais de 2 milhões deles no governo federal, e aqueles que não forem mandados para casa podem ser solicitados a trabalhar sem data para receber. E a situação não preocupa apenas pelos reflexos na vida e na economia americanas: o racha no Congresso aumenta o temor de que os parlamentares dos EUA não sejam capazes de chegar a um acordo sobre o aumento do teto da dívida do país – discussão que será travada em meados deste mês – o que levará o país ao calote.

Levantamento da rede americana CNN aponta que a paralisação parcial dos órgãos federais custará 1 bilhão de dólares por semana à economia do país. Isso em um momento que o próprio Federal Reserve (Fed, banco central americano) deixou claro em sua última reunião que o país ainda não caminha totalmente sozinho e, por isso, a injeção de recursos na economia – adotada pelo órgão em meio à crise – vai continuar. Na última paralisação do governo, que se arrastou por 21 dias entre o fim de 1995 e o início de 1996, durante a administração Bill Clinton, duas crises orçamentárias seguidas custaram 1,4 bilhão de dólares aos contribuintes, conforme dados oficiais.

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A capacidade de uma ala dos republicanos (Tea Party) da Câmara de permitir que o governo fique paralisado por não conseguirem adiar a reforma da saúde aumenta a preocupação na Casa Branca com a possibilidade de eles seguirem a mesma estratégia no debate sobre o teto da dívida, afirmou nesta terça-feira o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney.

“A paralisação é como assistir o trailer de um filme, pelo menos esse é o nosso medo”, afirmou. Segundo ele, a paralisação e o teto da dívida estão ligados porque os republicanos conservadores estão buscando a mesma estratégia nos dois casos.

O presidente Barack Obama e as duas casas legislativas passaram a virada deste ano discutindo medidas para cobrir o rombo fiscal do país porque o alto endividamento do governo estava prestes a ultrapassar o teto permitido por lei, o que levaria o país a um corte drástico de despesas e aumento de impostos. Na ocasião, os parlamentares chegaram a um acordo, também depois de muitas discussões e desentendimentos, que adiou para março a data limite para que um novo plano fiscal fosse aprovado. Desta maneira, conseguiram evitar o pior, mas a mudança do teto da dívida pública americana ainda está na pauta de discussão.

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Economia – Os efeitos negativos de uma paralisação como a que teve início nesta terça-feira formam um círculo vicioso na economia, caso se prolongue por muito tempo: sem dinheiro circulando, o consumo cai; sem demanda forte, as fábricas diminuem sua produção; sem pedidos massivos da indústria, os setores de base (agricultura, mineração, pecuária), desaceleram; assim, todos os setores cortam empregos e, por sua vez, menos pessoas têm dinheiro disponível para gastar, afetando o início do ciclo novamente.

Segundo a agência de classificação de risco Moody’s, uma semana de paralisação parcial dos gastos do país poderá implicar em diminuição de apenas 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. Contudo, um sério golpe na confiança na governabilidade do país poderia sacudir consumidores e investidores em um momento crucial, quando os EUA estão na linha divisória entre sua recuperação plena e mais um tempo de caminhadas lentas.

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Segundo a Casa Branca, o governo só tem recursos em caixa para custear as áreas afetadas (as consideradas não essenciais) até 17 de outubro.

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Defesa – Nesta terça-feira, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, disse que a paralisação do governo dos EUA vai minar a credibilidade americana no exterior e levar aliados a questionar o comprometimento dos EUA com obrigações acordadas. Em visita a Coreia do Sul para celebrar os 60 anos do tratado de defesa mútua das duas nações, Hagel disse ainda que os advogados do Pentágono estão analisando uma nova lei aprovada pelo Congresso para ver se mais trabalhadores civis podem ser poupados das licenças.

Na segunda-feira, o presidente Obama assinou uma norma que garante os salários dos soldados americanos. Contudo, avisou funcionários civis do Departamento de Defesa que eles podem ser colocados em licença não remunerada. Acredita-se que 400 000 trabalhadores entrariam nesta última categoria.

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Impasse – De um lado, está o Senado, dominado por representantes do partido Democrata, do presidente Barack Obama, que não abre mão do início da reforma no sistema de saúde, conhecida como Obamacare, carro-chefe da campanha presidencial. De outro, a Câmara, de maioria republicana, oposição, quer adiar a todo custo a reforma da saúde. Depois de diversas tentativas – todas frustradas – de chegarem a um acordo, outubro começa com um país parcialmente travado. Os parlamentares e o próprio presidente vão retomar as negociações nesta terça e assim devem fazer todos os dias até que se chegue a um acordo sobre o orçamento público para este novo ano fiscal.

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