Kia estuda fábrica no Brasil após se livrar de processo
STF retirou a culpa da montadora com relação à dívida de 1,5 bilhão de reais que a Asia Motors do Brasil deixou com o governo federal
A Kia Motors Corporation venceu na Justiça uma batalha para provar sua inocência em uma cobrança do governo e pode levar a cabo a ideia de construir uma fábrica no Brasil. Uma sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) tirou da montadora qualquer ônus pela dívida de 1,5 bilhão de reais que a extinta Asia Motors do Brasil deixou com o governo federal.
Com isso, a matriz na Coreia e o presidente da Kia Motors do Brasil, José Luiz Gandini, já falam em construir uma fábrica no Brasil. Gandini disse que, antes de tudo, a decisão tomada pela ministra do STF, Carmen Lúcia, já era esperada, uma vez que a marca provou que não tinha qualquer ligação com a AMB na época.
O executivo esteve recentemente na Coreia para falar com a matriz e discutir a necessidade de instalar uma fábrica da Kia no Brasil, para que a marca seja competitiva dentro das novas regras do Inovar-Auto, que beneficiam aqueles que produzem no país com um IPI menor. �O imbróglio da Asia impedia qualquer conversa sobre fábrica no Brasil, já que o investimento é alto para que pudesse ser colocado em risco�, afirmou Gandini. Ele afirmou que está disposto a investir em uma fábrica com capacidade inicial de 20 mil unidades por ano para produzir o Sportage e, se o resultado for positivo, aumentar o espaço para produzir o Cerato.
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O advogado Fabiano Robalinho, que trabalha para o escritório que representa a Kia no Brasil, reiterou que a empresa �tem interesse no mercado brasileiro, pelo tamanho e por ser um mercado importante�. Sobre os investimentos, ele afirmou que a KMC precisa de segurança jurídica para pensar em investimentos, o que passa pela aceitação do governo da decisão do STF.
Calote – Há mais de 15 anos a Kia Motors Corporation tenta se defender no caso da Asia Motors do Brasil, que importava as vans Towner e Topic nos anos 90 e que, ao prometer uma fábrica em solo nacional, conseguiu incentivos do governo. Como a fábrica nunca saiu do papel, o governo cobra da empresa dívida de quase 1,5 bilhão de reais. A Asia Motors cobrava do importador brasileiro o pagamento de carros na casa de 475 milhões de reais.
Em 1997, a Asia Motors do Brasil (AMB) ofereceu uma joint venture para a Asia Motors Corporation (AMC), na qual ela assumiria 51% da empresa brasileira e receberia o valor pendente. Mas a proposta nunca se consolidou. A Corte de Arbitragem Internacional provou que a AMC nunca foi efetivamente controladora da AMB. Em 1999, com a crise econômica na Ásia, a Kia incorporou a empresa asiática à sua marca e começou uma batalha na justiça brasileira e internacional para desvincular seu nome do processo iniciado no Brasil pelo governo federal.
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(com Estadão Conteúdo)