IPCA tem deflação de 0,04% em setembro, menor índice para o mês em 21 anos
Queda no preço dos alimentos influencia o resultado; em 12 meses, inflação está em 2,89%, abaixo do centro da meta oficial do governo para este ano
O IPCA, índice de inflação oficial do país, registrou deflação de 0,04% em setembro, o primeiro resultado negativo para o mês desde 1998, quando caiu 0,22%. A última vez em que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) veio com deflação foi em novembro do ano passado, com queda de 0,21%. A retração nos preços de alimentos e bebidas foi a principal responsável pelo resultado.
A deflação acontece quando os preços de produtos e serviços caem em um determinado período. É um movimento contrário ao da inflação, quando os preços sobem. Uma das principais causas da deflação prolongada é a economia em crise, quando os consumidores compram menos e forçam as empresas a reduzirem preços.
Com a queda de setembro, o IPCA deste ano está acumulado em 2,49%. Já nos últimos 12 meses, a taxa é de 2,89%. O índice está abaixo da meta de inflação definida para o governo para este ano, de 4,25%, porém, dentro na margem de tolerância, que é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima, variando entre 2,75% e 5,75%. Com a desaceleração na inflação, analistas do mercado financeiro reforçam a aposta na queda da taxa básica de juros, a Selic, para estimular a economia.
Segundo o IBGE, dos nove grupos pesquisados, apenas três tiveram altas nos preços (vestuário, transporte e saúde e cuidados pessoais). O que mais influenciou o índice foi a baixa no grupo alimentos e bebidas, que tem o maior peso no índice e caiu 0,43%. No grupo, pesou a queda nos preços da alimentação fora de casa, que desacelerou de 0,53% em agosto para 0,04% em setembro. Já a alimentação no domicílio teve queda de 0,70% nos preços, com destaques para o tomate (-16,2%), a batata-inglesa (-8,4%), a cebola (-9,9%) e as frutas (-1,8%).
Artigos de residência e comunicação também tiveram deflação, de 0,76% e 0,01%, respectivamente. A queda nos preços de artigos de residência foi puxada pelos eletrodomésticos e equipamentos (-2,26%) e de TV, som e informática (-0,90%). Já saúde e cuidados pessoais pressionaram o resultado para cima, com alta de 0,58%.
O grupo habitação desacelerou de 1,19% em agosto para 0,02% em setembro. “A energia elétrica, que tem grande peso na habitação, tinha aumentado 3,85% em agosto, por causa da mudança da bandeira de amarela para vermelha patamar 1. Na passagem para setembro, os preços da energia elétrica permaneceram estáveis, ocasionando essa desaceleração”, afirmou Pedro Kislanov, gerente do IPCA, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo índice.
O preço dos transportes ficou estável na passagem de agosto para setembro. Nesse grupo, os combustíveis subiram 0,12%, puxados pelas altas do etanol (0,46%) e do óleo diesel (2,56%). Já a gasolina (-0,04%) mostrou ligeira queda, menos intensa que a do mês anterior (-0,45%).