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Inflação desacelera, mas riscos fiscais e câmbio ainda pesam no cenário

Apesar do resultado melhor que o estimado, o IPCA acumula alta de 4,23%, próximo do teto da meta, de 4,5%

Por Camila Pati Atualizado em 10 jul 2024, 17h44 - Publicado em 10 jul 2024, 11h51

Os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta quarta-feira, 10, mostram uma desaceleração na inflação que pode apontar para desinflação em curto prazo. Porém, aspectos como riscos fiscais e a forte desvalorização cambial vista há algumas semanas ainda pesam na análise de cenário feita por economistas. 

Entre os nove grupos analisados, sete tiveram alta. Os grupos que mais pressionam são Alimentação e Bebidas (0,44%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,54%). Nos alimentos, fatores climáticos adversos, como as enchentes implacáveis no Sul do país, aumentaram os preços, enquanto em saúde os planos de saúde e perfumes subiram. Os grupos de Transportes (-0,19%) e Comunicação (-0,08%) tiveram deflação, com destaque para a queda de 9,88% nas passagens aéreas.

Segundo o IBGE, embora a alimentação em domicílio tenha desacelerado, itens como batata-inglesa (14,49%) e leite longa vida (7,43%) subiram devido a condições climáticas adversas no Sul. 

Igor Cadillac, economista do PicPay, observa que todas as medidas de inflação subjacente desaceleraram e que muitas dessas medidas estão próximas da meta de 3% nos últimos três meses. Mas, devido ao aumento dos preços, o economista revisou sua previsão de inflação para 4,3%. Ele também mencionou a resistência da inflação nos serviços, impulsionada por um mercado de trabalho apertado e aumentos salariais. “A desancoragem das expectativas, os riscos fiscais e a desvalorização da moeda ainda são preocupações”, diz.

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Para o professor de finanças e mercado financeiro da FIPECAFI, Hudson Bessa, o dado de  0,21% é positivo, em comparação a maio, no entanto, ele lembra que o acumulado em 12 meses está perto do topo da meta de inflação. “Está perigosamente perto do topo e a gente ainda tem os impactos por vir do aumento dos combustíveis e o impacto desse aumento do dólar que a gente viu muito fortemente agora no final de junho e início de julho. Nós temos então duas variáveis que devem pressionar a inflação, o que reduz a margem de manobra do Banco Central em relação a esperar mais alguma redução nos números”, afirma.

A análise de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, também destaca os dados positivos e a recente valorização cambial que pode estabilizar as expectativas em relação à inflação nas próximas semanas. 

“Em relação ao qualitativo, tivemos dados positivos. Preços de serviços, serviços subjacentes e serviços intensivos em trabalho recuaram no acumulado dos últimos 12 meses e na média móvel de três meses anualizada e ajustada sazonalmente. O Banco Central do Brasil (BC) está atento à dinâmica destes segmentos dada a surpresa da atividade econômica e do mercado de trabalho. Mesmo com essa desaceleração, eles ainda seguem num patamar acima do desejado pela autoridade monetária”, diz.

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Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, destaca que, apesar de mais fraco do que o esperado, o IPCA não gerou uma revisão relevante no curto prazo. O índice de 0,21% ficou abaixo das expectativas da Warren (0,28%) e da mediana da Bloomberg (0,30%). Andréa atribui a maior parte da surpresa negativa de -7 bps a alimentos in natura, vestuário e automóveis novos, que contribuíram negativamente com -3bps do erro. Esses itens ajudaram a desacelerar a parte de bens para 0,13% após 0,29% em maio. Por outro lado, higiene pessoal e despesas pessoais surpreenderam positivamente, com destaque para perfume e cinema, no qual o desconto esperado da promoção “semana do cinema” não se materializou.

Angelo também observa que Serviços Subjacentes tiveram uma leitura um pouco melhor, com um destaque significativo para os intensivos em mão de obra, que desaceleraram para 0,38% no mês e 5,7% em 12 meses. O grupo de serviços muito inerciais apresentou alta de 4,32%, ajustada sazonalmente, abaixo do teto da meta e o menor desde o final de 2023. Com base nesses pontos, ela vê uma composição benigna da inflação, surpreendendo positivamente.

“No entanto, vale ressaltar que é necessário esperar mais algumas leituras para entender se a lateralidade da inflação subjacente voltou para a rota de desinflação ou não. Por enquanto, nossa expectativa continua sendo de reaceleração desse grupo no segundo semestre do ano. Com isso, esperamos que o grupo de serviços subjacentes encerre o ano perto de 6%, vindo de 4,8% em 2023″, afirma.

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