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Ibovespa bate recorde histórico e ultrapassa 122 mil pontos

Marco foi atingido após novidades sobre vacinas e repercussão da eleição no Senado americano; Dólar subiu em relação ao real

Por Luisa Purchio Atualizado em 7 jan 2021, 22h41 - Publicado em 7 jan 2021, 18h22

Esta quinta-feira, 7, foi de marcos históricos para a bolsa brasileira. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, não apenas superou os tão esperados 120 mil pontos como atingiu os 122.385 pontos, novo recorde do pregão, resultado de uma alta de 2,76%. O resultado do dia foi impulsionado pela divulgação da eficácia da primeira vacina produzida no Brasil, a Coronavac, e se somou à disparada das bolsas americanas. A definição do cenário político dos Estados Unidos diminui o risco e a “onda azul” dos democratas à frente de diversas esferas do poder gera expectativa de mais injeção de dólar na economia, o que anima os mercados e tem influência direta no Brasil.

Durante a tarde, o governador de São Paulo, João Doria, apresentou o resultado dos testes da fase 3 da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. As autoridades afirmaram que o Brasil tem capacidade de produzir a vacina e o Instituto Butantã, de fabricar 1 milhão de doses ao dia. Apesar de não divulgarem dados técnicos, foram apresentadas informações que mostram 78% de eficácia da vacina na diminuição do número de casos para atendimento ambulatorial e casos leves e 100% para os casos graves, moderados e de internação hospitalar.

Com isso, o Ibovespa bateu recorde atrás de recorde. “Ainda persistem dúvidas quanto à logística da vacinação, grupos prioritários e o cronograma final, mas agora podemos apontar que depende mais do Brasil apenas a vacinação”, diz André Perfeito, analista da Necton Investimentos. Como esperado por parte do mercado, as ações que mais subiram no país são as ligadas ao setor de commodities e as chamadas “empresas de valor”, que abriram espaço para as empresas de tecnologia durante a pandemia mas com a imunização voltam a ganhar força. As empresas Suzano, Klabin, Bradesco, Vale e CSN subiam mais de 6,4% no final do dia.

Apesar da “onda azul” trazer bons ventos para a bolsa, devido ao aumento da circulação de dólares na economia mundial, nem todos os efeitos são positivos para o país. O real se desvalorizou fortemente nesta quinta-feira e o dólar comercial subia 1,822% às 18h no horário de Brasília, a 5,399 reais. “Como lá fora há a ideia de que o governo americano vai gastar mais, os juros nos Estados Unidos subiram. Isso atrai os investidores para lá”, diz Perfeito, na Necton. Com a saída de dólares do Brasil, a moeda americana naturalmente se valoriza por aqui, em relação ao real.

Na quarta-feira, foram definidas as últimas cadeiras do Senado após o segundo turno na Geórgia, o que diminuem as dúvidas sobre o nível de dificuldade que o democrata Joe Biden enfrentará no Congresso. Além disso, o Congresso aprovou a vitória do presidente, vinha sendo questionada pelo opositor derrotado nas urnas, Donald Trump. Com isso, além de a Câmara ter maioria democrata e o presidente do país pertencer ao mesmo partido, os republicanos não ganharam a maioria do senado, mas estão com o mesmo número de cadeiras dos democratas. Em caso de empate, o voto decisivo será feito pela vice presidente Kamala Harris, também democrata. Com isso, os investidores têm motivos de sobra para esperar mais incentivos fiscais para impulsionar a economia.

Riscos domésticos

O recorde dos 120 mil pontos do Ibovespa era esperado desde o início de 2019, mas a pandemia abateu os mercados. Durante o ano, as incertezas sobre a Covid-19 e o persistente risco fiscal do país impediram a alta. No final de 2020, a bolsa chegou a ultrapassar os 120 mil pontos e renovou o recorde intradia após o ministro da Economia, Paulo Guedes, defender a ampla vacinação da população para retomar o crescimento econômico do país e garantir que a agenda econômica caminhará no ano seguinte sem aumento de impostos. À época, porém, os mercados americanos caíam e com as sanções de Trump às empresas chinesas neutralizando as altas do Ibovespa, mais uma vez, o fechamento ficou abaixo do patamar histórico.

Enquanto nos Estados Unidos os principais índices bateram altas históricas em menos de quatro meses após a pandemia, o Ibovespa conquistou a marca apenas onze meses depois de o vírus começar a se disseminar. No Brasil, o recorde demorou muito mais para ser atingido do que nos mercados americanos, devido à delicada situação fiscal do país. Enquanto as estimativas do mercado para déficit primário público mediana (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) para 2020 era de 82,335 bilhões de reais, em janeiro, elas subiram para 169,844 bilhões de reais, em dezembro, de acordo com o Prisma Fiscal do Ministério da economia.

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Consequência dos gastos com o auxílio emergencial e da queda na arrecadação fiscal, a alta dívida pública é um problema enorme para um emergente como o Brasil, que já vinha se recuperando de uma crise econômica anterior à Covid-19. Apesar de a desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar baratear os ativos, os investidores têm receio quanto à capacidade de pagar as contas públicas.

No começo do ano, quando o coronavírus era apenas uma ameaça distante e incerta, os analistas do mercado financeiro projetavam que o Ibovespa atingiria patamares muito maiores em dezembro de 2020, como mostrou VEJA . Na época, a bolsa brasileira flutuava muito mais devido à política interna do que devido às notícias sobre a vacina. Além disso, a retomada econômica feita em 2019 com a aprovação da reforma da Previdência e o maior ajuste fiscal nas contas do governo trouxe otimismo para as corretoras. A XP Investimentos, por exemplo, previa que a bolsa brasileira alcançaria no final do ano os 140 mil pontos, alta de 21%.

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Mesmo as projeções mais cautelosas contavam com uma alta maior que a que se consolidou. O Bank of America, por exemplo, estimava um patamar de 130 mil pontos ao fim de dezembro e o Morgan Stanley previa um potencial de 125 mil pontos. Àquela época, porém, a projeção do PIB era de 1,9% e 2% de crescimento para o ano, muito superior à queda de 4,4% projetada depois pelo Banco Central.

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