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Por que analistas mantêm o otimismo apesar da queda histórica

Surto de coronavírus derrubou a bolsa brasileira em 7%; a baixa é a pior desde o 'Joesley Day', em 2017

Por Felipe Mendes Atualizado em 26 fev 2020, 20h12 - Publicado em 26 fev 2020, 19h38

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, viveu o inferno em plena quarta-feira de cinzas, 26. Depois de passar dias fechada para as comemorações do Carnaval pelo país, enquanto via outros mercados amargurarem perdas consecutivas desde a última segunda-feira 24, o principal índice da Bolsa brasileira encerrou o dia em queda acachapante, de 7%. A perda de valor é histórica. O índice recuou de 113.646 pontos para 105.718 pontos. Para falar em valores, “sumiram” da bolsa 290 bilhões de reais — valor proporcional ao quanto vale o banco Itaú. Foi o pior desempenho para um dia desde 18 de maio de 2017, quando o mercado repercutiu a divulgação das conversas do ex-presidente Michel Temer com Joesley Batista, um dos donos da companhia frigorífica JBS — o evento ficou marcado como “Joesley Day” pelos investidores.

O motivo, em suma, para tamanha desventura no mercado de ações do país é de que o coronavírus (batizado de covid-19) tem ultrapassado as fronteiras. Na manhã desta quarta-feira, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso no país — outros vinte estão sob suspeita. Quase 3.000 pessoas já morreram mundo afora devido ao contágio — ao menos 44 países já confirmaram casos do vírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda descarta o risco de uma “pandemia” para a doença, mas diz que o surto deve ser tratado como emergência internacional.

A China, epicentro da enfermidade, tenta retomar a normalidade de sua produção aos poucos. No auge da doença, lojas e fábricas foram paralisadas. Pessoas em quarentena, em seus próprios lares, não se deslocavam nem aos supermercados, bares e restaurantes, por ordem do governo chinês. O resultado disso se mostrou instantâneo. A Apple, que detém boa parte de sua produção no país asiático, admitiu que não irá atingir sua meta de faturamento para este trimestre. Nesta quarta-feira, foi a vez de Danone e Diageo — dona das marcas Johnnie Walker, Smirnoff e da cachaça brasileira Ypióca — revisarem suas projeções para baixo. A companhia de bebidas alcoólicas britânica projeta um impacto de até 325 milhões de libras para as vendas do ano de 2020.

Companhias aéreas, montadoras, fabricantes de smartphones e empresas de turismo também serão impactadas com o coronavírus. Apesar desta ressaca sem fim aparente, a maioria dos bancos de investimentos instalados no país mantém as projeções para o Ibovespa este ano. A XP Investimentos, por exemplo, estima que a Bolsa registrará 140.000 pontos ao fim de 2020. “Ainda é difícil falar de revisão não só para o mundo como para o mercado doméstico também”, diz Betina Roxo, analista da XP. “Essa pressão sobre o Ibovespa continuará sendo vista no curto prazo. Mas ainda acreditamos que o Brasil conseguirá alcançar um crescimento de 2,3% para o PIB este ano”, complementa.

A corretora Necton entende que o impacto do coronavírus no Ibovespa será passageiro e projeta uma alta acima de 20% para o indicador até o fim de 2020. “Os motivos que nos levaram a acreditar na melhora da Bolsa são fatores internos”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton. “As empresas que compõem o Ibovespa, com a exceção de companhias como Vale e Petrobras, têm negócios muito mais ligados à atividade doméstica. Nós acreditamos que a somatória de juro baixo com crescimento interno da economia fará com que a bolsa consiga atingir os 137.000 pontos ao fim do ano.”

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As instituições estrangeiras, entretanto, são mais cautelosas. O Bank of America estima que o Ibovespa consiga alcançar um patamar de 130.000 pontos ao fim de dezembro. Já o Morgan Stanley prevê que o indicador tenha potencial para alcançar 125.000 pontos. Para o PIB do Brasil, o Morgan Stanley estima uma alta entre 1,9% e 2% para o ano. A julgar pelas opiniões dos especialistas, quem se desfizer de ações neste momento pode estar correndo riscos de queimar dinheiro.

 

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