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Com estratégia agressiva por clientes, PicPay paga 210% do CDI

Fintech aposta no rendimento alto em conta remunerada para tentar fazer com que seus 34 milhões de clientes movimentem dinheiro dentro da plataforma

Por Josette Goulart Atualizado em 26 nov 2020, 11h56 - Publicado em 25 nov 2020, 10h50

Com os juros básicos, a famosa taxa Selic, pagando apenas 2% ao ano, o investidor de repente viu que precisava se mexer para fazer seu dinheiro render acima da inflação. Foi atrás de fundos de renda fixa mais arriscados, títulos do Tesouro de longo prazo e despejou dinheiro na bolsa de valores. Os gestores de fundos de renda fixa tiveram que rebolar, e colocar mais papéis privados, mais arriscados que um título do governo e que, portanto, rendem mais, nos seus fundos. E, para render mais, têm de ficar mais tempo com os investimentos. Quanto mais longo os títulos, mais eles rendem. Ou seja, nem sempre a liquidez diária é possível. Certo? Errado. Sempre há uma fintech querendo ganhar clientes com alguma novidade. Quem quiser dobrar ganhos, sem correr risco e ainda poder tirar dinheiro a hora que quiser, a tal liquidez diária, pode deixar o dinheiro em uma conta do PicPay. A fintech está pagando 210% do CDI para quem investir até 250 mil reais. CDI é é a taxa interbancária atrelada à Selic. Isso significa, na prática, que o PicPay está pagando mais de 4% ao ano para seus clientes em uma conta remunerada.

A estratégia é agressiva. Nem dá para comparar com os grandes fundos DI de bancões, por exemplo, que não pagam sequer 100% do CDI. É preciso olhar fundos mais sofisticados como os da Rio Bravo, que oferecem opções com debêntures de grandes empresas, por exemplo, que pagam em torno de 160% do CDI. Ou então algumas fintechs, como o C6, que não oferecem conta remunerada, mas um CDB, um título do banco, com liquidez diária a 102% do CDI. Ou o BTG Pactual, um dos mais agressivos até então, que oferecia CDBs a 150% do CDI.

Os CDBs são investimentos mais seguros porque contam com a garantia de até 250 mil reais do Fundo Garantidor de Crédito caso o banco quebre. O investimento no PicPay não é um CDB, mas a fintech garante que o dinheiro está seguro. O fundador e diretor de produtos, Anderson Chamon, explica que a remuneração é possível porque a PicPay está dividindo com seus clientes o rendimento que ela mesma consegue  ao fazer suas aplicações.

A estratégia da fintech está sendo usada para engajar seus 34 milhões de clientes. É mais gente do que tem o Nubank hoje. Se o dinheiro fica na conta, é mais fácil de o cliente fazer pagamentos, compras, transferências e usar o Pix. Convencer um cliente a abrir uma conta numa fintech, sem pagar nada, é mais fácil. Difícil para as fintechs é fazer o cliente justamente movimentar dinheiro nela e usar o aplicativo. E o valor de uma fintech está no quanto seus clientes movimentam nas contas. É por isso que essas empresas lançam lojas dentro dos aplicativos, fazem parcerias com empresas de telefonia, com zona azul e com serviços de ônibus.

Com a chegada do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o PicPay ainda passou a ter um desafio extra. Como seu diferencial era justamente fazer algo muito parecido com o que todos os bancos e fintechs vão poder agora promover com o novo sistema de pagamentos do BC, alguns consultores dizem que a empresa tinha de pensar novas formas de se diferenciar. A fintech não divulga valores, mas Chamon diz que, em duas semanas, dobrou o volume de dinheiro circulando pelas contas PicPay. Além disso, a conta remunerada atrai as pessoas para o aplicativo, o que incentiva os clientes a interagir mais com seus amigos. O PicPay tenta se diferenciar justamente pelo fato de ser também uma rede social. Um cliente, quando se cadastra, não tem um número, mas uma arroba.

A ideia do PicPay nasceu em 2012, quando ainda pouco se falava em fintech ou pagamento instantâneo ou mesmo sobre pagamentos por telefone. Em 2015, a fintech foi adquirida pelo Banco Original, que pertence à família Batista, conhecida mais pelo seus negócios da carne, a JBS, e também pela sua agressividade nos negócios. Os irmãos Joesley e Wesley ficaram mais conhecidos com a colaboração premiada que fizeram com a Justiça, confessando pagamentos milionários de propinas a centenas de políticos. A família entrou no mundo dos bancos ao comprar o Matone com empréstimos do Fundo Garantidor de Crédito, usado para salvar bancos em dificuldades. Nasceu ali o Banco Original que alguns anos depois  lançou sua versão digital quando era comandada por Henrique Meirelles, hoje secretário de Fazenda do governo de João Doria. O banco investiu mais de 600 milhões de reais no negócio, mas sem decolar como outras fintechs. Já o PicPay, que tem registro no Banco Central como uma instituição de pagamentos, tem uma receita de 300 milhões de reais, no ano passado, e, como o próprio Chamon diz, ainda está na fase de aquisição de novos usuários. A próxima etapa será lançar um marketplace de crédito.

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