Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Auxílio emergencial: Governo já sente a pressão para prorrogar o benefício

O tamanho da população necessitada e a longevidade da crise podem forçar a equipe econômica a estender o prazo do 'coronavoucher'

Por Larissa Quintino, Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 Maio 2020, 16h44 - Publicado em 5 Maio 2020, 15h38

A alta procura pelo auxílio emergencial aos informais, apelidado de ‘coronavoucher’, além de mostrar o impacto da pandemia de coronavírus sobre essa população, escancara a ignorância do governo sobre boa parte da sociedade brasileira. A nobre intenção do programa, que é chegar a brasileiros invisíveis que viram suas fontes de sustento sumirem devido o avanço da doença, evidenciou um dos sérios problemas do país, que é a escassez de dados sobre o próprio Brasil. Com isso, a medida, que previa inicialmente 98 bilhões de reais para o pagamento de três parcelas de 600 reais em até três meses para informais, autônomos e MEIs, já teve mais 24 bilhões de reais injetados e, agora, a área econômica já começa a ser pressionada para estender o benefício. A emergência irá durar mais do que apenas um trimestre.

Auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, falaram com preocupação sobre o tema a VEJA. A dificuldade da área econômica é traçar como e por quanto tempo esse auxílio pode se estender, para que o ‘coronavoucher’ não vire uma herança da pandemia. Porém, é ponderado o risco político muito grande de retirar o auxílio logo após a fase mais aguda da pandemia, quando as consequências econômicas devem acertar em cheio a população. Por isso se trabalha a possibilidade de extensão.

ASSINE VEJA

Moro fala a VEJA: ‘Não sou mentiroso’ Em entrevista exclusiva, ex-ministro diz que apresentará provas no STF das acusações contra Bolsonaro. E mais: a pandemia nas favelas e o médico brasileiro na linha de frente contra o coronavírus. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine

O problema visto pela equipe econômica é que esse gasto extra se torne algo permanente, onerando ainda mais as contas públicas, já tão combalidas. Uma mudança permanente nos benefícios assistenciais, para o Ministério da Economia, deve ser discutida dentro da reforma tributária, na qual é necessário tempo e muita negociação. Caso isso aconteça, todos os outros programas sociais do governo, como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada) poderiam ser substituídos pelo auxílio emergencial. Hoje, o primeiro atinge mais de 14 milhões de grupos familiares — sendo que parte deles passaram a ter o benefício substituído pelo auxílio emergencial — e outros 4,6 milhões recebem o benefício assistencial do INSS.

Continua após a publicidade

Inicialmente, o ‘coronavoucher’, que é comandado pelo Ministério da Cidadania, previa que auxílio atingiria 50 milhões de brasileiros, entre os informais e beneficiários do Bolsa Família. Porém, o número de brasileiros aptos a participar do programa é bem maior. O Dataprev, órgão que faz a análise dos cadastros, disse nesta terça-feira, 5, que mais de 95 milhões de pessoas podem ter direito ao auxílio. Até o momento, a Caixa informa que 50 milhões de brasileiros receberam os recursos. O aplicativo para cadastro continua aberto. Além disso, cerca de 16 milhões de pessoas que tem dados inconsistentes podem voltar a se cadastrar.

Apesar das soluções tecnológicas adotadas pela Caixa, como pagamento digital, com a bancarização de uma população até então excluída do sistema, filas e filas se formam diariamente em frente das agências bancárias com brasileiros querendo participar do programa. Os problemas estão desde a reclamação da demora do pagamento até a impossibilidade de se cadastrar, já que todo o processo é feito digitalmente. Chega a ser inocência do governo pensar que todos os informais, que não tem acesso a banco, teriam acesso a internet para conseguir, sozinhos, se formalizarem, como em um passe de mágica.

Continua após a publicidade

O público alvo do programa são brasileiros que não trabalham com carteira assinada ou recebam benefícios do governo (como aposentadoria e seguro-desemprego) e tenham renda familiar de até três salários mínimos (3.135 reais) ou, se não considerado o grupo familiar, de até meio salário mínimo (522,50 reais). Ou seja, o foco são pessoas pobres e não formalizadas. Esse número inclusive pode aumentar caso o presidente Jair Bolsonaro sancione o projeto de lei que tira o critério de pessoas isentas de Imposto de Renda em 2018. Até o momento, quem foi obrigada a declarar IR há dois anos, está fora do programa.

Apesar de o programa já estar funcionando há quase um mês, ainda há muitas caneladas na operacionalização dele. O problema do orçamento e a vontade de mostrar uma eficiência acima do que realmente acontece, fizeram com que o ministro da  Cidadania, Onyx Lorenzoni, e a própria Caixa passarem por constrangimento. A pasta e o banco tiveram de voltarem atrás do adiantamento do calendário da segunda parcela. Na ocasião, Onyx teve a atenção chamada publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro. A consequência é que, até o momento, não há o calendário nem da segunda e nem da terceira parcela. O caso foi parar no Ministério Público Federal. Portanto, não se sabe quando o dinheiro efetivamente chegará às mãos dos brasileiros que mais precisam.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.