Agropecuária surpreende e impulsiona retomada do PIB no terceiro trimestre
Apesar do longo período de seca enfrentado nas regiões produtoras, setor registra alta de 1,3% em relação ao segundo trimestre
O crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre deste ano, registrado pelo IBGE nesta terça-feira, 3, foi impulsionado, entre outros setores, pelos bons resultados da agropecuária brasileira. O salto na produção nos campos do país foi de 1,3% em relação ao segundo trimestre de 2019. “É uma boa notícia, porque naturalmente o terceiro não é o melhor trimestre para o setor”, afirma Felippe Serigati, pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas. “O resultado é surpreendente, porque o clima não ajudou tanto, tivemos um longo período de seca e a chuva demorou para chegar”, diz Serigati.
Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a agropecuária cresceu 2,1%, o maior avanço desde o último trimestre de 2018. A alta foi impactada pelos bons resultados da extração de algodão, que registrou aumento de 39,7%, de milho, que avançou 23,2%, e de laranjas, com crescimento de 6,3%. O café e a cana-de-açúcar decepcionaram, com resultados negativos de 16,5% e 1,1% respectivamente.
O PIB registrado no terceiro trimestre representa um sinal de retomada econômica mais rápida do que o imaginado pelo mercado, aliado às políticas de estímulo ao consumo, como a liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Os resultados do terceiro trimestre ainda não registram o impacto da melhora da confiança do empresariado e do consumidor nem o aumento do consumo com os recursos do FGTS, que vão aparecer no quarto trimestre. Então, é possível que o crescimento registrado neste ano ultrapasse 1%”, afirma Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio.
Como divulgado na manhã desta terça, o PIB do terceiro trimestre totalizou 1,842 trilhão de reais. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento é de 1,2%. Os bons resultados da agropecuária foram seguidos pela indústria, que avançou 0,8%, e pelos serviços, que registraram alta de 0,4%. O crescimento na indústria se deve à extrativa, em alta de 12%, puxada pelo crescimento da extração de petróleo, e à construção, que cresceu 1,3%. Recuaram no trimestre o setor de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com resultados 0,9% piores do que no trimestre anterior, e o da indústria de transformação, que caiu 1%.
O resultado do PIB de 2019 aponta para um desempenho em linha com os dois anos anteriores, quando o crescimento foi de 1,3% em 2017 e 1,1% em 2018 – segundos dados revisados pelo IBGE nesta terça-feira, 3. Segundo o mais recente Boletim Focus, do Banco Central, economistas estimam que o PIB deva avançar 0,99% neste ano. O Produto Interno Bruto é o principal indicador para medir o crescimento da economia de um país.