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Temor na economia americana joga otimismo fiscal para escanteio

Resiliência da bolsa brasileira, ajudada por Haddad, não suportou mais a pressão e cedeu aos maus ventos dos EUA

Oferecimento de Atualizado em 4 jun 2024, 11h18 - Publicado em 11 mar 2023, 09h56

VEJA Mercado | Fechamento da semana | 06/03 a 10/03

Desde a última terça-feira, dia 7, os mercados globais passaram a temer mais intensamente a escalada dos juros nos Estados Unidos em decorrência de falas proferidas por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano. Na ocasião, Powell foi sabatinado pelo Congresso americano e reforçou a tese de que os juros no país devem crescer como resposta ao controle da inflação local. Apesar do balde de água fria, investidores brasileiros demonstraram otimismo ao longo da semana. Entre segunda-feira, 6, e quinta, 9, o índice Ibovespa teve alta de cerca de 2,3%, contrariando a tendência de outros mercados. A principal razão para isso foi o otimismo em relação a um dos projetos do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, o novo arcabouço fiscal. Entretanto, os bons ventos da pasta não foram capazes de segurar o temor americano na sexta-feira, 10, quando dados de emprego nos EUA revelaram uma economia superaquecida e fizeram a bolsa brasileira cair 1,5%, devolvendo os ganhos dos dias anteriores.

Quanto ao panorama brasileiro, que deu mais motivo para alegria do que desânimo, foi destaque a afirmação de Haddad, logo no início da semana, de que o desenho do novo arcabouço fiscal está pronto. Segundo o ministro, faltaria apenas a aprovação das demais pastas da área econômica e, posteriormente, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad acelerou a elaboração da regra que substituirá o teto de gastos em claro gesto ao Banco Central (BC), comandado por Roberto Campos Neto. A nova conjuntura poderá ter o potencial de influir positivamente na curva dos juros, ponto de embate entre o governo e a autarquia monetária. A possibilidade empolga o mercado financeiro, que começa a projetar cortes na Selic antes do final do ano. Na quinta-feira, 9, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que a nova regra vai zerar o déficit fiscal e estabilizar o crescimento da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar dos fatos que jogaram a favor do mercado ao longo da semana, a sexta-feira, 10, culminou em uma onda de péssimas notícias para o mundo das finanças. Já aguardado com extrema apreensão, o dia foi marcado pela divulgação de dados referentes à inflação brasileira, além de temidas estatísticas emprego dos EUA. Após a criação de 504 mil empregos no mês de janeiro, os americanos registraram mais 311 mil postos em fevereiro, contra uma expectativa de mercado na casa dos 225 mil. O dado é tido como bom para a economia, mas deve instigar a inflação do país e, por consequência, a alta de juros promovida pelo Fed. Em resposta, as bolsas mundiais desabaram, com o Ibovespa, o S&P 500 e a Nasdaq caindo entre 1,4% e 1,7% na sexta. Paralelamente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de fevereiro, que mede a inflação brasileira, revelou alta de 0,84% nos preços, um pouco acima das expectativas, o que também gera temor quanto aos juros.

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Para ficar no radar dos investidores, o líder do governo no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse na quinta, 9, que o desenho do novo arcabouço fiscal deve ser apresentado ao presidente Lula na próxima semana. Uma vez chancelado pelo petista, o projeto será encaminhado ao Congresso ainda neste mês de março, coincidindo com a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) – órgão do Banco Central responsável por definir o destino dos juros.

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