Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Imitar é um bom negócio

Copiar o que funciona pode impulsionar o desenvolvimento

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 13h19 - Publicado em 12 mar 2021, 06h00

Poucos duvidam da necessidade da reforma tributária, incluindo a substituição de cinco incidências irracionais (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS). É amplo o apoio à PEC 45, baseada em estudos liderados pelo economista Bernard Appy, que tem esse objetivo. Alguns, todavia, condenam a PEC por questões formais e por copiar realidades estrangeiras.

A PEC incorpora a experiência brasileira e o melhor entre os casos bem-sucedidos do imposto sobre o valor agregado (IVA). Trata-se, na verdade, de imitar o que tem dado certo há quase setenta anos. Por isso, mais de 180 países seguem o modelo. Não é necessariamente ruim copiar.

Imitar e adaptar conhecimentos encurta caminhos rumo ao progresso. Ninguém busca reinventar a roda. A van­ta­gem dos países menos desenvolvidos é copiar avanços das nações ricas. Pode-se, por exemplo, ter acesso a oportunidades advindas do telefone celular e da internet sem investir na sua criação.

Sistemas políticos imitaram a organização criada pela Revolução Gloriosa inglesa (1688), a qual empoderou o Parlamento, limitou os poderes do rei e protegeu o Judiciário de intervenções, incluindo a proibição de o monarca demitir juízes. Antes, o Senado romano havia inspirado iniciativas semelhantes. Nem sempre, deve-se reconhecer, as cópias são a melhor solução. O Brasil não deveria ter abandonado o parlamentarismo do Império — que merecia aperfeiçoamentos — para imitar o presidencialismo americano.

“A PEC tributária copia o que dá certo há quase setenta anos. Mais de 180 países seguem o modelo”

Continua após a publicidade

No campo econômico, a imitação é mais comum do que na área política. Bancos foram largamente copiados. Imitou-se a industrialização para dinamizar a economia, ganhar produtividade e elevar o potencial de crescimento da riqueza, da renda e do emprego. O 14-Bis de Santos Dumont inspirou outros inventores. A autonomia formal do banco central, instituída nos países desenvolvidos no século XX, foi copiada com vantagens por nações emergentes, como se viu agora no Brasil.

O melhor exemplo disso é o Japão pós-restauração da dinastia Meiji (1868), que citei em coluna anterior. No livro Upheaval — Turning Points for Nations in Crisis, Jared Diamond mostra que o país foi o primeiro não europeu a equiparar-se ao padrão de vida, à industrialização e à tecnologia das sociedades ricas da Europa e do novo mundo (EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia). “O Japão moderno assemelha-se à Europa e às neo-Europas, tanto economicamente como em aspectos políticos e sociais: democracia parlamentarista, educação elevada e adoção do modo de vestir e da música ocidentais, sem desprezar a tradicional arte japonesa.” A estratégia, diz, foi “ganhar tempo”.

Não há nenhum desdouro em imitar o IVA, que contribuiu para a expansão da maioria das nações capitalistas desenvolvidas. Aliás, o Brasil já fez isso em 1965, com a criação do IPI e do ICM (atual ICMS), infelizmente deteriorados nos anos seguintes. Estamos, pois, voltando às origens, agora com ideias mais modernas e racionais. O Brasil só ganhará com a imitação.

Continua após a publicidade

Leia também:

  • Decisão desastrada de Fachin muda jogo político e reforça polarização.
  • Mesmo com concessões, governo vê PEC Emergencial como ganho institucional.
  • Vacinação: no pior momento da pandemia, principais autoridades do país ensaiam reação.
  • Economia do Brasil segue travado por incerteza do futuro.

Publicado em VEJA de 17 de março de 2021, edição nº 2729

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.