Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

CPMF: a dificuldade de estabelecer prioridades

Melhor seria utilizar capital político nas reformas estruturais do que empenhar-se na recriação de um tributo cujas vantagens são duvidosas

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 18 nov 2020, 19h56 - Publicado em 26 set 2020, 19h33

Raramente uma incidência tributária foi tão combatida como a proposta do ministro da Economia, de restabelecer a CPMF com outro nome. A nova incidência tornou-se uma espécie de fixação para o ministro Paulo Guedes, que move mundos e fundos para obter sua aceitação, primeiro por parte do presidente Jair Bolsonaro, depois pelos líderes de partidos que apoiam o governo. 

Há um rosário de defeitos do tributo, desfiados em profusão por muitos especialistas. A CPMF é um tributo em cascata, cumulativo, gera má alocação de recursos, não pode ser desonerada nas exportações, é regressiva, provoca desintermediação financeira, reduz o potencial de crescimento da economia e assim por diante. Defeito maior da proposta é fazê-la permanente (sua antecessora era provisória). Sua alíquota tende a ser elevada ao longo do tempo. 

ASSINE VEJA

A ameaça das redes sociais Em VEJA desta semana: os riscos dos gigantes de tecnologia para a saúde mental e a democracia. E mais: Michelle Bolsonaro vai ao ataque ()
Clique e Assine

O Ministério da Economia oferece, em troca, a redução dos encargos previdenciários, que inibem a geração de empregos e induzem formas de organização que afetam negativamente a produtividade. Há economistas e advogados que consideram a troca vantajosa, mas essa visão está longe de ser majoritária. 

Continua após a publicidade

O problema é que a vantagem apregoada pode ser ilusória. A experiência em países que reduziram os encargos previdenciários sobre a folha indica que a medida tende a se transformar em aumento de salários e não em geração de novos postos de trabalho. Isso porque, em última instância, o custo desses encargos é do trabalhador e não da empresa, que os considera para a fixação do salário. 

Mais preocupante é constatar a aparente dificuldade do ministro em perceber que há prioridades mais relevantes para aumentar o potencial de crescimento da economia e promover ganhos de emprego e renda. O governo utilizaria melhor o seu capital político se apoiasse a PEC 45, que unifica cinco impostos sobre o consumo (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS). A proposta se encontra em estágio avançado de tramitação na Câmara. 

Continua após a publicidade

Valeria, assim, aproveitar-se de uma situação inédita, qual seja o convencimento dos estados em renunciar ao ICMS e aceitar a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que é uma modalidade de imposto sobre o valor agregado (IVA), adotado por 160 países. O IBS nos livrará do caos da tributação do consumo, com efeitos positivos inequívocos.

O ministro deveria usar sua energia, além disso, para dedicar-se melhor à busca de solução para a crise fiscal. Se não resolvida, ela prejudicará os esforços para aumentar o potencial de crescimento. Assim, é crucial trabalhar em prol da aceleração das reformas estruturais já propostas, principalmente o Pacto Federativo e a Reforma Administrativa. 

Continua após a publicidade

Custa crer que alguém com a experiência e credenciais acadêmicas do ministro não consiga dar-se conta de que seu projeto de recriação da CPMF não é o que atende aos melhores interesses do país neste momento.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.