Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Vírus HIV é bloqueado com terapia genética

Tratamento eliminaria a necessidade do uso de antiretrovirais pelo resto da vida

Por Da Redação
23 set 2011, 09h27

Pesquisadores desenvolveram uma terapia genética experimental capaz de manter o HIV sob controle permanente – uma descoberta que pode ser um passo importante para a cura da aids. O estudo foi feito por cientistas da Sangamo BioSciences, companhia que está desenvolvendo o tratamento, e divulgado durante a Conferência de Interciência sobre Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia, em Chicago.

Opinião do especialista

Ricardo Shobbie Diaz

Infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

“É mais uma etapa que deixa a cura da infecção pelo HIV muito próxima. Porque a resposta pode estar no gene CCR5. Os pesquisadores provaram o conceito que a manipulação genética que retira esse receptor consegue melhorar bastante a imunidade das pessoas. Essa prova pode ajudar para montar uma estratégia ampla para a cura do HIV.

Continua após a publicidade

O próximo passo para a cura consiste na combinação de cinco estratégias: uso de antiretrovirais, intensificação do tratamento, tratamento precoce, vacina terapêutica e manipulação genética.”

A terapia genética funciona bloqueando o vírus fora dos linfócitos T CD4, que é o principal alvo do HIV e responsável por administrar o sistema imunológico para o controle de infecções. Dez pacientes que participaram do estudo estavam fazendo terapia antiretroviral quando o estudo começou. Após quatro semanas, seis deles fizeram uma pausa no tratamento – e pararam de tomar a medicação antiviral por 12 semanas.

A carga viral diminuiu em três dos seis pacientes. Um deles teve a carga reduzida a níveis indetectáveis. Os outros dois registraram uma queda de dez vezes a circulação do vírus. “Estamos entusiasmados com os resultados desse estudo fase 1. Ter um paciente livre do vírus e outros dois com reduções significativas é incrível”, disse Jeff Nichol, presidente-executivo da Sangamo BioSciences à New Scientist.

Pesquisa – Para o estudo, os cientistas tiraram sangue dos pacientes e isolaram os linfócitos CD4 e outros glóbulos brancos. Eles utilizaram uma ‘tesoura molecular’ chamada dedo de zinco, uma proteína capaz de entrar nas células e sabotar o gene CCR5, que ajuda o HIV a entrar nas células. Não está claro qual o papel que o gene CCR5 desempenha normalmente, mas os especialistas sabem que as células conseguem sobreviver sem ele – e ainda conseguem ficar sem a infecção por HIV. Depois, essas células são devolvidas ao paciente, com o objetivo de que elas se multipliquem e forneçam uma fonte permanente de células saudáveis do sistema imunológico – bloqueando assim completamente o HIV.

Continua após a publicidade

A ligação entre o HIV e o gene CCR5 foi sugerida pela primeira vez em 1996. O conceito foi testado pela primeira vez na Alemanha, em 2006. Na ocasião, uma pessoa com leucemia e que também tinha aids recebeu um transplante de medula óssea. O transplante veio de uma pessoa que as células sanguíneas não produziam as proteínas CCR5. Segundo o acompanhamento médico, o paciente ficou livre de HIV até 2008.

Em geral, a maioria das pessoas têm duas cópias do gene CCR5 – uma da mãe e a outra do pai. O paciente que obteve o melhor resultado tinha uma cópia defeituosa do gene CCR5. O que, segundo os pesquisadores, pode explicar porque a terapia funcionou melhor nele do que nos outros. Edward Lanphier, chefe executivo da Sangamo, estimou, segundo à agência Reuters, que entre 5 e 10% dos pacientes HIV são portadores dessa mutação genética. Cerca de 33 milhões no mundo todo possuem o vírus HIV.

O segredo, segundo os pesquisadores, é tentar eliminar ambos os genes dessas células. Se apenas um for sabotado, as células ainda podem produzir a proteína CCR5 e permitir que o vírus invada o organismo. Ao ter o gene CCR5 duplamente sabotado, não há nenhuma chance do vírus entrar, acreditam os cientistas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.