“Não quero apoio do PMDB”, diz Freixo
Em festa na Lapa, candidato do PSOL diz que apoio ao seu 'projeto de cidade' será bem recebido para o segundo turno
Com o passaporte garantido para o segundo turno no Rio de Janeiro, o PSOL pela primeira vez admite fazer alianças ao centro para derrotar Marcelo Crivella do PRB. Ao lado de sua vice, a professora Luciana Boiteaux, Marcelo Freixo agradeceu o apoio declarado por Jandira Feghali (PC do B) e disse contar também com o de Alessandro Molon (Rede). Quanto ao apoio de Índio da Costa (PSD), não descartou: “É possível. Só não vamos trocar apoio por cargo. Isso não vai existir. Também já aviso de antemão que não quero o apoio do PMDB”, disparou.
Ao lado da mulher e dos filhos, Marcelo Freixo acompanhou hoje o resultado da apuração em casa. Chegou por volta das 19h aos Arcos da Lapa, tradicional ponto turístico da cidade, onde cerca de 5 mil pessoas festejaram o histórico resultado do PSOL. “Chora Pedro Paulo, o sonho acabou! Segundo turno, sou eu quem vou…”, cantava a militância em coro.
Primeiro, Freixo pediu para todos esperarem um pouco até o fim da apuração. “É possível! Tá chegando”, Freixo disse, com 90% de votos apurados. O público provocava ainda mais: “Ô Pedro Paulo! Como é que é? Quer ser prefeito mas espanca a mulher”.
Quando o resultado foi oficializado, Freixo desabafou: “Podem chorar bastante. Derrotamos o PMDB em homenagem à democracia brasileira. É a resposta a um partido golpista. Esta é uma vitória que entra pra história dessa cidade”, completou. Enquanto isso, os militantes girtavam “Fora Temer!”, com Freixo balançando o microfone.
Em cima de um palco improvisado, o psolista recebeu o ator Wagner Moura, que teve atuação destacada nas agendas do candidato na reta final da campanha. Freixo lembrou a luta para conseguir fazer uma campanha praticamente sem tempo de televisão ( foram apenas 11 segundos diários na TV): “Não há na história algo semelhante a isso”.
Bastidores do debate da Globo
A VEJA, Freixo contou uma curiosidade sobre o debate da TV Globo. O encontro foi decisivo para o seu crescimento nas pesquisas na reta final da campanha. Em um determinado momento do terceiro bloco do programa, Freixo provocou Pedro Paulo e o desafiou a lhe fazer uma pergunta, iniciativa que o peemedebista não teve em outros debates. A ideia foi da filha Isadora, de 18 anos. “Pai, chama ele pro debate cara a cara que ele vai cair na pilha”, contou. Na Globo, Pedro Paulo questionou Freixo sobre o tema ‘agressão à mulher’, dizendo que um de seus assessores havia sido condenado pelo Lei Maria da Penha: “Minha filha estava certa. Eu comparo ele (Pedro Paulo) a um garoto brigão, que se você bota pilha ele cai. Queria provocá-lo para o debate de ideias, e ele caiu. Ele é muito fraco. O Rio não quer agressor de mulher”, disse.
Freixo falou ainda sobre o projeto de cidade que pretende apresentar para setores da sociedade, como a Igreja Católica: “Vamos apresentar a todos o programa que montamos no último ano e meio. O Estado é laico e precisamos entender isso. Religião tem papel importante na sociedade, mas acho perigoso misturar com política”.
Sobre a relação com o governo do presidente Michel Temer, a quem acusa de golpista, o candidato do PSOL disse que pretende, se eleito, manter o diálogo. “Tenho uma posição firmada sobre o governo dele, mas se for prefeito vou tratar de maneira institucional”.