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Lava Jato: PF prende ex-secretário-geral do PT e empresário ligado a caso Celso Daniel

Foco da nova fase, batizada de Carbono 14, está no empréstimo fraudulento concedido pelo Banco Schahin ao PT de 12 milhões de reais

Por Da Redação 1 abr 2016, 08h05

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a 27ª fase da Operação Lava Jato. Desta vez, o foco das investigações é um empréstimo fraudulento concedido pelo Banco Schahin, cujos recursos teriam sido usados para a quitação de dívidas do Partido dos Trabalhadores. Mais do que apenas o rastreamento do dinheiro, a nova fase, batizada de Carbono 14, traz de volta o fantasma do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT).

Foram presos na nova fase o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o empresário Ronan Maria Pinto. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman foram conduzidos coercitivamente. Silvinho, como é conhecido, chegou a ser incluído entre os réus do escândalo do mensalão, mas fez um acordo com a Justiça para realizar serviços à comunidade e não responder ao processo. Delúbio foi condenado no mesmo esquema a seis anos e oito meses de prisão por corrupção ativa.

Conforme publicou VEJA em 2012, o publicitário e operador do mensalão Marcos Valério revelou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que Ronan Maria Pinto, um empresário ligado ao antigo prefeito, estava chantageando o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para não envolver seu nome e o do ex-presidente Lula na morte de Daniel. Segundo os investigadores da Operação Lava Jato, pelo menos metade do empréstimo fictício contraído junto ao Banco Schahin acabou desaguando nos bolsos de Ronan.

As apurações do megaesquema de corrupção na Petrobras indicam que José Carlos Bumlai, empresário e amigo do ex-presidente Lula, integrou um esquema de corrupção que envolvia a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10.000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10.000 e na simulação do pagamento do suposto empréstimo com a entrega inexistente de embriões de gado. Em depoimento, Bumlai admitiu que tomou o empréstimo para repassar os valores ao PT e detalhou que o dinheiro foi pedido pelo ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares.

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“A fiar-se no depoimento dos colaboradores e do confesso José Carlos Bumlai, os valores foram pagos a Ronan Maria Pinto por solicitação do Partido dos Trabalhadores”, disse o juiz Sergio Moro no despacho da 27ª fase.

Agora a Polícia Federal quer entender todos os capítulos dessa história e cumpre na manhã desta sexta doze mandados para aprofundar a investigação sobre o esquema de lavagem de capitais de cerca de 6 milhões de reais do empréstimo, considerado crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin. As medidas estão sendo cumpridas em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André.

A procuradoria afirma que o dinheiro desse empréstimo ao PT acabou gerando prejuízo para a Petrobras, já que os valores só foram liberados depois que o Grupo Schahin pagou propina para vencer a concorrência e ser operadora do navio-sonda Vitória 10.000. Apenas este contrato chegou a 1,6 bilhão de dólares.

Para a viabilização do esquema de pagamentos do empréstimo forjado ao PT, o dinheiro saiu de José Carlos Bumlai para o Frigorífico Bertin, que, por sua vez, repassou cerca de 6 milhões de reais a um empresário do Rio de Janeiro. Na sequência, ele fez transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto. Outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores, como o jornal Diário do Grande ABC, também foram usadas para camuflar a transação.

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Empresário com diversos negócios na região do ABC paulista, Ronan Maria Pinto é apontado pelo Ministério Público como um dos participantes do esquema de corrupção instalado em Santo André durante a administração de Celso Daniel. O nome do empresário, velho conhecido do PT, voltou à tona com a delação premiada do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele disse que Bumlai obteve o empréstimo junto ao Banco Schahin e repassou 6 milhões de reais a Ronan. O nome da nova fase da Lava Jato, Carbono 14, é uma referência a procedimentos utilizados para a investigação de fatos antigos. As suspeitas envolvem crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Em nota, Ronan negou as acusações e afirmou que sempre esteve à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. “Mais uma vez o empresário reafirmará não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas”, diz o texto.

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