Governistas esvaziam comissão para pedir emendas
Ação de aliados na Comissão Mista de Orçamento escancarou insatisfação com o Planalto. Governo tenta negociar para evitar paralisia
A base aliada no Congresso deu nesta quarta-feira mais uma demonstração de insatisfação com o Planalto. Irritados com o ritmo de liberação das emendas parlamentares, deputados e senadores esvaziaram a sessão da Comissão Mista de Orçamento, que acabou cancelada por falta de quórum. A ação foi orquestrada.”Desde que eu estou aqui, foi a primeira vez que a base impediu a reunião. O descontentamento é grande”, resumiu o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da comissão. O PT foi o único partido da base a não aderir ao boicote.
A rebelião ocorre dois dias antes do fim do prazo para a prorrogação de emendas dos anos anteriores, “penduradas” nos restos a pagar. O governo deu sinais de que não pretende renovar a validade dessas emendas. Os deputados não gostaram – e cobram, além disso, a liberação de recursos previstos no Orçamento de 2011. “Não podemos deixar tudo para dezembro, se não para tudo”, disse nesta quinta-feira o vice-líder do governo Gilmar Machado (PT-MG).
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, iniciou conversas com partidos aliados para tratar do tema. A queda-de-braço parece ter a mesma dinâmica desde o início do ano: o Planalto tem liberado os recursos gradativamente, sempre que é colocado contra a parede. E os deputados, apesar de manterem um tom de ameaça, só raramente tomam medidas como a desta quinta-feira.
Impasse – Há uma semana, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o tema das emendas não preocupava: “Pelo que eu sei, está sendo resolvido. Alguns partidos têm problemas, mas acho que eles serão resolvidos até o dia 30 e as emendas não serão prorrogadas”.
Coincidência ou não, o plenário da Câmara dos Deputados terminou a sessão desta quarta-feira sem votar os projetos que estavam em pauta. Nesse caso, o impasse também teve a participação da oposição, que pede a alteração de trechos da Medida Provisória 539, que impõe medidas para coibir a especulação financeira diante da queda do dólar.