Delator diz que Mercadante presenciou acerto de caixa 2
Ricardo Pessoa, dono da UTC, afirmou em depoimento que o ministro acompanhou o acerto de 250.000 reais para a campanha de 2010
O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Operação Lava Jato, disse em depoimento aos investigadores do petrolão que o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, presenciou o acerto de 250.000 reais em caixa dois para a campanha dele em 2010. Na época, Mercadante era candidato ao governo de São Paulo.
Na reunião descrita pelo empresário, o ministro presenciou o repasse de 250.000 reais em doações oficiais da UTC e outros 250.000 reais pagos em dinheiro vivo para o caixa dois da campanha do petista. A informação havia sido revelada na edição desta segunda do jornal Folha de S. Paulo.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de inquérito contra o ministro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), e a expectativa é que o relator do caso, ministro Celso de Mello, autorize a investigação contra o político ainda nesta semana.
Na reunião em que foi acertado o caixa dois eleitoral, estavam presentes, além de Mercadante e de Pessoa, o então coordenador da campanha do petista, Emídio de Souza, e o presidente da construtora Constran João Santana. Na versão do delator, coube a Emídio de Souza ter pedido metade da doação a Mercadante em dinheiro vivo.
Em nota, Mercadante negou o repasse de dinheiro de caixa dois para a campanha de 2010. “Não houve qualquer discussão de valores, tampouco solicitação de recursos de caixa dois por parte do coordenador de campanha. A contribuição oficial para campanha foi tratada em momento bem posterior pela coordenação de campanha e sem a minha presença”, disse.
Em seu acordo de delação premiada, Ricardo Pessoa também afirmou que o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) recebeu 200.000 reais em caixa dois de campanha em 2010 e outros 300.000 reais em repasses declarados à Justiça Eleitoral. O senador também é alvo de um pedido de abertura de inquérito por parte de Janot. Por meio de sua assessoria, ele negou ter recebido doações por meio de caixa dois e disse que tratou de doações eleitorais com o então presidente da Constran, João Santana, e conforme prevê a Lei Eleitoral.