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Aplicativos ajudam a encontrar o amor perto de casa

Recursos usam sistema de geolocalização para sugerir pretendentes

Por Jenna Wortham, do The New York Times
12 nov 2011, 15h40

Christina Wang tem uma rotina bem definida para a “noite de encontro”. Ela escova os cabelos, arruma a maquiagem e verifica o celular, esperando encontrar o homem certo – que, por acaso, pode estar bem perto neste exato momento.

Wang, de 20 anos, estudante de psicologia da St. John’s University, em Nova York, faz parte do grupo cada vez maior de pessoas que usam aplicativos de celular para armar encontros instantâneos, com base em quem está na mesma região e disponível para tomar uma bebida.

A ideia de encontrar alguém na mesma hora, por meio de um aplicativo de celular, com base unicamente na proximidade, pode parecer uma proposta arriscada. Mas os operadores desses serviços dizem estar cientes das potenciais armadilhas, e permitem que os usuários controlem as informações divulgadas. E os usuários dizem ser mais uma das muitas modalidades de cortejo – todas cheias de perigo – que incluem casamenteiros tradicionais, anúncios pessoais e namoro on-line.

Wang e outros que usam esses serviços – geralmente pessoas na casa dos 20 e 30 anos – afirmam que eles são uma versão levemente atualizada dos sites de namoro na rede. Segundo os usuários, esses serviços lhes permitem pular os rituais mais elaborados do namoro on-line tradicional, que parece se mover glacialmente, nesta era de mensagens de texto e redes sociais.

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“Pode levar um mês para se encontrar de verdade com alguém que você conheceu on-line”, disse Wang. Os serviços via celular oferecem um “salto mais rápido dos encontros virtuais aos reais”.

Nos aplicativos, que usam tecnologia de localização de smartphones, os usuários postam um perfil simples e então transmitem sua disponibilidade, ou examinam uma lista de pessoas que o fizeram. Em seguida, podem imediatamente trocar mensagens e, se houver interesse mútuo, partir para um encontro.

Alguns dos aplicativos são independentes, enquanto outros são recursos novos de sites estabelecidos de namoro; até agora, há menos de uma dúzia, incluindo o Blendr, OkCupid Locals e HowAboutWe. Eles geralmente são gratuitos, ganhando dinheiro com a venda de anúncios ou cobrando por recursos adicionais.

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O OkCupid Locals faz parte do OkCupid, um site de relacionamentos, que garante que um décimo de seus 2,5 milhões de usuários usam o aplicativo móvel. O HowAboutWe começou há pouco mais de um ano, como um site onde as pessoas postavam sugestões de programas para seus encontros (uma ideia recente: “Que tal se fizéssemos uma turnê do cupcake em Manhattan?”). Em junho, o site lançou um aplicativo para iPhone com recursos de localização.

Desde então, segundo a empresa, mais de 100.000 encontros foram postados por meio do aplicativo – ou aproximadamente 30% do total de encontros já postados no serviço.

O pioneiro entre esses serviços é o Grindr, que é voltado a homens homossexuais e reuniu 2,6 milhões de membros desde sua criação, há um ano e meio. No fim do verão seus criadores lançaram o Blendr, focado em pessoas com interesses similares. Os criadores do Grindr e do Blendr não afirmam que seus sites são unicamente para encontros, mas o Grindr promove os relacionamentos como um de seus usos.

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O Grindr ganhou uma reputação “atrevida”, em parte porque seus usuários exibem apenas uma foto do perfil, sua localização e uma curta descrição. Os novos serviços tentam evitar esse problema permitindo que os usuários forneçam mais informações sobre si mesmos. Eles também tentam abordar preocupações de segurança que possam afetar a ampla adoção, deixando que os usuários controlem quem pode ver seu perfil, ocultem sua localização exata e analisem os potenciais parceiros sem revelar quem são.

Segundo Wang, é fácil eliminar os esquisitões com uma rápida troca de mensagens. Ela disse que os homens que conheceu pelo aplicativo OkCupid Locals eram do mesmo nível daqueles que conheceu nos sites de relacionamentos on-line.

“Não aconteceu nada de traumatizante em nenhum dos dois”, garantiu ela.

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Tom Critchlow, de 28 anos, comerciante que mora em Nova York e é usuário assíduo do OkCupid Locals, afirmou que a desvantagem é que “isso é algo tão imediato que pode dar uma conotação de que as pessoas só querem sexo”, algo que ele acha inquietante. Se o serviço quer ser bem-sucedido, acrescentou ele, “eles precisam superar isso, porque a situação pode parecer assustadora”.

Mesmo tendo conseguido conhecer mulheres simpáticas por meio do aplicativo, saindo para uma bebida ou jantar, ele disse ainda ser difícil apagar a ideia de que há algo de sórdido em pesquisar fotos classificadas de acordo com a localização.

Sites mais antigos de relacionamentos, como o Match.com e o eHarmony, veem oportunidades no jogo dos encontros locais. O Match.com comprou o OkCupid em fevereiro, e o eHarmony lançou em agosto um serviço chamado Jazzed com um aplicativo de celular com localização. Eles afirmaram que o aplicativo foi baixado mais de 250.000 vezes desde então.

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Ainda assim, o Match.com diz não ter planos para acrescentar recursos de localização em seu serviço principal, que tenta ajudar pessoas a encontrar parceiros de longo prazo. “As pessoas na casa dos 20 e 30 anos vão a encontros de forma diferente”, disse Mandy Ginsberg, presidente do site. “A idade média de nossos usuários está entre o final da casa dos 30 e a dos 40, e metade deles já foram casados ou têm filhos. Então isso não apareceu nos pedidos”.

Michael Bolognino, de 32 anos, que mora em São Francisco e trabalha com marketing, disse ter conhecido muitas pessoas em busca de ação e nada mais, tanto no Grindr como o OkCupid. Mesmo assim, ele conseguiu conhecer seu namorado atual usando o OkCupid Locals – e o anterior, que ele namorou por um ano, no Grindr. Ele diz que o nível menor de compromisso envolvido nesses serviços acaba sendo um bônus. “De certa forma, tudo parece menos arriscado, pois você está apenas se encontrado para uma rápida interação e sentindo o clima”, explicou ele.

Os usuários frequentes desses serviços apontam outras desvantagens de usar a proximidade como fator na busca por encontros. “Quando estou em casa e entro no aplicativo sempre aparecem os mesmos cinco caras”, afirmou Shana Hensley, de 29 anos, que mora em Denver e trabalha como fotógrafa de casamentos e numa loja da Apple. Para ela, porém, a conveniência supera todos os problemas. “O tempo é um fator importantíssimo”, disse. “Posso verificar o serviço no almoço ou no trem para o centro, e ver se tem alguém livre para uma bebida depois do trabalho”.

Michael I. Norton, professor da Harvard Business School que pesquisa de que modo as pessoas interagem on-line, apontou que todos sempre procuram por alguém que esteja perto. Por exemplo, disse ele, “vamos às mesmas livrarias na esperança de conhecer alguém que goste de nosso autor favorito”. “Para os mais velhos”, continuou ele, “esses serviços parecem mais intrusivos, mas os jovens estão acostumados com a internet. Em algum momento, esse tipo de interação pode se tornar o padrão”.

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