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Trabalhar ao ar livre triplica o risco de câncer de pele

Um novo estudo mostrou que, após cinco anos, pessoas que realizam suas atividades ao ar livre têm três vezes mais chances de desenvolver tumores do tipo não melanoma, o mais comum entre os tipo de câncer de pele

Por Giulia Vidale
13 Maio 2016, 12h12

Após cinco anos de trabalho, profissionais que realizam suas atividades ao ar livre têm três vezes mais chances de desenvolver câncer de pele do tipo não melanoma, quando comparados a outros trabalhadores. A conclusão é de um estudo publicado recentemente no periódico cientifico Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology.

Esse tipo de tumor é o mais comum entre os tipos de câncer de pele e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. “O câncer de pele não melanoma virou uma epidemia e a grande preocupação é que, nos últimos anos, a incidência na população jovem, na faixa dos 30 anos, aumentou muito devido à maior exposição ao sol desde cedo e ao fato de termos muitas pessoas com pele clara em um país tropical, como o Brasil.”, diz Alexandre Filippo, dermatologista e presidente do Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.

Os pesquisadores concluíram também que ficar exposto diariamente ao sol triplica o risco de quetarose actínica, uma lesão causada por dano solar que pode levar ao câncer – entre 40% e 60% dos tumores começam por causa de queratoses mal tratadas.

“A queratose actínica aparece principalmente em áreas expostas, como rosto ou braço, de pessoas com pele clara e é considerada uma lesão pré-cancerosa, pois pode se tornar um câncer de pele. Por isso é muito importante utilizar protetor solar diariamente e, quando estas lesões aparecerem, realizar o tratamento adequado”, conta o médico.

As lesões da queratose se assemelham a “verrugas” vermelhas e ásperas, que descamam, mas nunca somem. Entre as opções de tratamento estão a crioterapia, a eletrocirurgia e, o mais comum, o uso de medicamentos tópicos. “O grande problema dos medicamentos é a duração e os efeitos do tratamento que deixam os pacientes com o rosto vermelho e machucado de um a dois meses.”, explica Filippo.

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Pesquisadores do Ambulatório de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP realizaram um estudo comparando a tolerabilidade e a segurança de dois medicamentos tópicos contra queratose actínica da face: mebutato de ingenol (tratamento novo) e o 5-fluorouracila a 5% (tratamento padrão).

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Participaram do estudo 100 pacientes que foram divididos em dois grupos: o primeiro aplicou o mebutato de ingenol, uma vez ao dia durante três dias consecutivos e o segundo utilizou o 5-fluorouracila a 5%, duas vezes por dia, durante quatro semanas. Ambas as formas de uso são as indicadas nas bulas dos medicamentos.

Os resultados mostraram que, embora os dois medicamentos tenham segurança semelhante, o tratamento com o mebutato de ingenol se mostrou superior por ter menor duração, o que, por sua vez, também significa reações cutâneas locais menos duradouras. Nestes pacientes os efeitos do tratamento, como vermelhidão e rosto machucado, desapareceram em 15 dias, enquanto naqueles que utilizaram o 5-fluorouracila a 5%, duraram 43 dias.

“Ambos os medicamentos já têm a eficácia comprovada, ou seja, os dois tratam de forma eficaz a queratose actínica, por isso não analisamos este critério no estudo. As únicas diferenças são o mecanismo de ação e a posologia, por isso focamos na segurança e na tolerabilidade. No geral, os resultados foram bem parecidos. A diferença ficou mesmo no tempo do tratamento, que faz com que o mebutato tenha, devido ao menor tempo de uso, uma posologia mais fácil para o paciente e que os efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento desapareçam mais rápido.”, diz Luciana de Paula Samorano, uma das líderes do estudo e dermatologista da Divisão de Dermatologia do HCFMUSP.

Prevenção – A melhor forma de evitar estas lesões e o câncer de pele em geral é protege-se contra a radiação dos raios ultravioletas (UV). Isso pode ser feito por meio do uso – e da reaplicação – constante de filtro solar, dar preferência a roupas coloridas ou escuras e longas (calças e camiseta de manga comprida) e o uso chapéu.

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Devido ao significativo aumento do risco de câncer de pele nestes profissionais, um grupo de especialistas está batalhando para que as duas condições – câncer de pele não melanoma e a quetarose actínica – sejam reconhecidas como doenças ocupacionais. As discussões já chegaram ao Parlamento Europeu, mas o assunto ainda não foi debatido.

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