Pesquisadores descobrem ligação entre diabetes e câncer

Os genes TCF e p53, relacionados ao diabetes e ao câncer respectivamente, trabalham em conjunto na regulação do organismo

Por Da Redação
16 nov 2011, 17h31

Diabetes: fator genético da doença tem relação com gene que desencadeia divisão excessiva das células cancerígenas (Jeffrey Hamilton/Getty Images/VEJA/VEJA)

Sabe-se que o diabetes aumenta os riscos para o desenvolvimento de determinados tipos de câncer. As razões dessa correlação, no entanto, ainda eram desconhecidas da medicina. Agora, pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, conseguiram mapear uma ligação molecular que explica a conexão entre as duas doenças: os genes TCF (diabetes) e p53 (câncer) trabalham em conjunto para regular algumas funções do organismo.

O desenvolvimento do diabetes tipo 2 é um processo lento. Um sinal precoce de que a doença está em fase inicial são os altos níveis de insulina no sangue. Enquanto as células beta (produtoras de insulina) são capazes de compensar o aumento da demanda, os níveis de açúcar no sangue permanecem normais. Mas quando elas passam a não dar mais conta, e a secreção da insulina cai para baixo do nível necessário, o diabetes 2 se torna um fato. Essa última fase geralmente acontece rapidamente, já que as células produtoras de insulina trabalham até se esgotarem e morrer.

Genética – “Trabalhamos com o gene de maior risco para o diabetes 2, uma variante do TCF, e estudamos sua função nas células betas”, diz Yuedan Zhou, principal autora do estudo e doutoranda na Universidade de Lund. A variante considerada de risco do gene TCF é comum, sendo que 25% da população e 31% dos diabéticos a carregam. Um outro gene, o p53, é considerado de risco para o câncer e foi batizado de ‘protetor do genoma’, porque previne a divisão celular descontrolada – que acontece no câncer. O gene p53 também foi relacionado com a proteção contra o câncer de colo e fígado, entre outros.

“A função do gene TCF nas células beta é de protegê-las contra os níveis altos (e estressantes) de açúcar no sangue. Se essa função falha, as células beta morrem, o que leva ao diabetes”, diz Ola Hansson, uma das autoras da pesquisa. Os dois genes trabalham em conjunto: o TCF protege as células contra a morte, enquanto o p53 previne sua divisão excessiva. Segundo Hansson, é nesse momento que a ligação entre câncer e diabetes acontece. Quando os níveis de açúcar no sangue se elevam, o gene TCF é ativado e isso impede a atividade do gene p53, protegendo, assim, as células beta da morte.

O grupo de pesquisadores começou a trabalhar com o gene TCF há dois anos, a fim de entender seu papel na produção de insulina. A descoberta da ligação com o p53 e câncer foi praticamente por acaso. De acordo com Hansson, fortalecer a função protetiva do gene TCF contra a morte das células beta poderia funcionar como uma forma de tratamento para o diabetes 2 ou para evitar que a doença se desenvolva por completo.

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