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Roberto Kalil: “Mudei meus hábitos por uma questão de saúde”

O cardiologista mais poderoso do Brasil explica como identificou em si próprio os comportamentos de risco para doenças cardiovasculares

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h28 - Publicado em 2 Maio 2015, 09h10

“Faço pilates duas vezes por semana com uma personal trainer na academia do prédio em que moro. Aos sábados, caminho durante uma hora. Procuro me alimentar melhor, como mais saladas. Mas não sou radical – me permito às vezes degustar um salgadinho”

O médico Roberto Kalil cuida da saúde de políticos poderosos. A presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, os senadores José Serra e Aécio Neves e o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo estão entre seus pacientes. O cardiologista, porém, nunca cuidou do próprio coração. Mas recentemente isso mudou. Ele passou a praticar exercícios regulares e a cuidar da alimentação. Há três meses, entrou para o protocolo de pesquisa de um novo medicamento para o colesterol alto. A seguir, a entrevista de Kalil.

O senhor passou a vida sem se cuidar. O que o fez mudar de ideia? Nunca fiz exercícios físicos, sempre me alimentei mal. Meus almoços no saguão de entrada no Hospital Sírio Libanês se resumiam a porcarias. Adoro um enroladinho de salsicha, uma Coca-Cola e um Todinho. Mas a chegada aos 50 anos me fez perceber que eu podia enfartar se continuasse com essa vida. Seria um vexame.

O que mudou nos seus hábitos? Agora faço pilates duas vezes por semana com uma personal trainer na academia do prédio em que moro. Aos sábados, caminho durante uma hora. Procuro me alimentar melhor, como mais saladas. Não sou radical. Ainda me permito às vezes degustar um salgadinho. Emagreci dois quilos nos últimos dois meses. Mas mudei radicalmente meus hábitos por uma questão de saúde. Não de vaidade.

O senhor vem de uma família de cardíacos. Corre um risco alto de sofrer de doenças cardíacas. Segue algum tratamento? Meus pais enfartaram, meus avós enfartaram. Eu tenho colesterol altíssimo. O LDL (colesterol ruim) chegou a 240, quando o normal é de até 100. Colesterol é um dos fatores de risco mais perigosos para doenças cardiovasculares. Para piorar as coisas, pertenço a um grupo pequeno de pessoas que tem dificuldades em tomar estatinas, os remédios mais eficazes para o controle do colesterol. Tenho dores musculares fortes no corpo com esses medicamentos. Já experimentei todas as medicações disponíveis e sempre tive de interromper o tratamento. Há três meses, comecei a tomar um medicamento experimental, ainda em fase de pesquisa. É uma injeção mensal. Foi uma indicação do meu cardiologista, o Raul Dias dos Santos Filho, do Instituto do Coração. Não é uma estatina. É um anticorpo monoclonal, um tipo de terapia alvo. Por enquanto está dando muito certo. Meu colesterol baixou em 60% e não estou sofrendo de efeitos colaterais.

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A cardiologia está entre as áreas da medicina que mais avançaram nas últimas décadas. Por que as doenças cardiovasculares estão entre as que mais matam no mundo? De nada adianta a medicina avançar se o paciente subestima ou desconhece os sintomas da doença e não procura ajuda médica. Mas a culpa, digamos assim, não é só do doente. Os sinais das doenças cardiovasculares são muito difíceis de serem identificados. Muitas pessoas que têm obstruções nas artérias do coração não sentem absolutamente nenhum sinal. Elas descobrem que têm uma doença cardíaca somente quando enfartam. É o que chamamos de enfarto silencioso.

Como o senhor define a dor do enfarto? Costumo comparar com a sensação de algo pesado em cima do peito, como uma pata de cavalo. Mas para muita gente a dor é inespecífica. Alguns sentem um mal-estar na barriga. Outros uma dor na mandíbula ou nas costas. Há aqueles que têm a sensação de sufocamento. São desconfortos que podem ser facilmente confundidos com stress, problemas musculares ou gastrite. Para piorar o cenário, a dor do enfarto vai e vem. E isso pode durar horas ou dias. Não há regras, portanto. Tudo depende de uma série de fatores combinados – a constituição física, o vaso obstruído e o tamanho da obstrução.

O que deve ser feito então? A principal solução é a prevenção. Nunca é demais repetir isso. Deve-se praticar atividade física, não fumar, manter uma dieta saudável, controlar a glicemia, o colesterol e a pressão arterial. Mesmo assim, não se está completamente livre de problemas. Há ainda os enfartos e congênitos. Todos, na verdade, deveriam se consultar com um cardiologista pelo menos uma vez na vida. Há exames capazes de detectarem problemas cardíacos em fases extremamente muito iniciais.

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