Medidas de incentivo ao parto normal reduzem cesáreas em 10%
Ações implantadas pelo governo português aumentaram o índice de partos naturais
O número de cesáreas diminuiu 10% entre 2009 e 2014 em Portugal, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica. Para os pesquisadores, a queda se deve a um conjunto de ações implantadas pelas autoridades portuguesas em favor do parto normal, como treinamento de profissionais de saúde e a inclusão do percentual de cesarianas no critério de repasse de verbas aos hospitais.
Pesquisadores da Universidade do Porto analisaram a base de dados de nascimentos no país entre os anos 2000 e 2014. Foram verificadas as taxas de cesáreas, partos naturais e de mortalidade infantil e materna. Entre 2000 e 2009, o índice de cesáreas chegou a 36%. Depois de 2010, quando o país iniciou uma ação para reduzir a incidência desse tipo de parto, a porcentagem caiu para 33%. Junto com o declínio de cesarianas caíram também a mortalidade perinatal e as complicações pós-parto.
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De acordo com Diogo Ayres-de-Campos, professor da Universidade do Porto e líder do estudo, para reduzir ainda mais o número de cesáreas são necessários esforços como a disseminação do conceito de “cesarianas desnecessárias” – que ameaçam a saúde da mãe e do bebê -, punições financeiras para hospitais públicos que abusem do procedimento e mudanças nos honorários médicos na medicina privada, fazendo com que pagamento do parto normal seja ligeiramente maior do que o da cesariana desnecessária.
“Mulheres que passam por cesáreas desnecessárias têm onze vezes mais risco de ter hemorragia e infecção e duas vezes mais probabilidade de sofrer complicações anestésicas. Para o bebê, há sete vezes mais risco de morte por doenças respiratórias”, diz Ayres-de-Campos.
Brasil – Em 2014, uma pesquisa revelou que o Brasil é o líder mundial no número de cesarianas: 52% dos partos são feitos por esse método. Na rede privada, a porcentagem é ainda maior: 88%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 15% dos partos sejam cesarianas.
(Da redação)