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Médicos condenam gravidez múltipla de idosa de 65 anos: antinatural e antiética

A alemã Annegret Raunigk, de 65 anos, está esperando quádruplos após ter se submetido a uma fertilização artificial. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina recomenda que tratamentos de gravidez sejam feitos em mulheres com até 50 anos

Por Giulia Vidale
14 abr 2015, 19h18

A professora alemã Annegret Raunigk, de 65 anos, tem treze filhos e quis aumentar a prole. Após se submeter a um tratamento de fertilização in vitro, está na 21.ª semana de gestação, à espera de quádruplos. Se a gestação seguir conforme o esperado, Annegret será a mulher mais velha a dar à luz quadrigêmeos. A notícia correu o mundo, como um feito da medicina. Para especialistas em reprodução humana ouvidos pelo site de VEJA, no entanto, a gravidez da alemã é antinatural e antiética.

Todas as mulheres nascem com os óvulos que terão na vida e, a cada menstruação, uma parcela deles é perdida. A menopausa significa que o estoque de óvulos da mulher acabou, por isso ela para de menstruar. Os ovários também perdem sua função e entram em falência, causando a queda na concentração de hormônios femininos produzidos por eles, como estrogênio e progesterona.

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O desafio do parto prematuro

Não há nenhum consenso ou diretriz internacional que limite a idade da mulher para se submeter à reprodução assistida. Entretanto, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que os procedimentos sejam feitos em mulheres com até 50 anos de idade. Depois, os riscos para a saúde da mãe e do bebê aumentam consideravelmente. “Fazer um tratamento em uma mulher de 65 anos é altamente questionável do ponto de vista natural e ético, porque o potencial de letalidade é alto e o profissional pode ser responsabilizado caso algo aconteça com a paciente ou com o bebê”, afirma Monteleone.

O ginecologista Carlos Alberto Petta, professor da Faculdade de Medicina da Unicamp e responsável pelo Centro de Reprodução Humana do Hospital Sírio-Libanês, concorda. “Quanto mais avançada a idade da mãe, maior o risco de ela desenvolver hipertensão e diabetes gestacional, que colocam em risco a vida dela e a do bebê”, diz.

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Gravidez múltipla – Tão preocupante quanto a idade da alemã é a quantidade de bebês que ela carrega. Uma gravidez de quádruplos possui 65% de risco de prematuridade extrema, ou seja, crianças que nascem com menos de 1 quilo e 29 semanas de gestação. Além disso, os riscos de complicações para a mãe, como pressão alta e pré-eclâmpsia, são maiores.

Segundo o ginecologista Pedro Monteleone, uma das bandeiras da medicina reprodutiva atualmente é o combate à gestação múltipla, que representa um risco para a saúde da mulher em qualquer idade. Por isso, médicos têm procurado limitar o número de embriões implantados. No Brasil, funciona da seguinte forma: em fertilizações que utilizam óvulos de mulheres com até 35 anos, são implantados até dois embriões; para óvulos de mulheres entre 36 e 39, até três embriões; a partir dos 40 anos, até quatro embriões.

“Não é somente a reserva ovariana que diminui com o avanço da idade, mas a qualidade dos óvulos também”, explica Carlos Alberto Petta. “Além de ter maior dificuldade para engravidar, a mulher terá mais risco de aborto e de problemas como má formação e mutações no embrião.”

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