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Malária recua mais de 50% nos países endêmicos

Para infectologista da Unifesp, sucesso se deve, principalmente, à evolução no diagnóstico da doença

Por Nana Queiroz
14 dez 2010, 15h50

“Se mantivermos os ganhos essenciais desses programas, não teremos mais mortes pela doença em 2015” – Ray Chambers, enviado especial da ONU para malária

O relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a malária divulgado nesta terça-feira traz boas notícias. Na África, uma das áreas mais afetadas pela doença, onze países registraram redução de mais de 50% do número de casos e de mortes nos últimos dez anos. Das 56 nações endêmicas fora do continente, 32 registraram redução da mesma ordem no número de casos naquele período. O total de óbitos no mundo caiu de 985.000, em 2000, para 781.000, em 2009.

No último ano, Marrocos e Turcomenistão entraram para a lista dos países que erradicaram a doença. Também foi o primeiro ano em que a Europa não reportou nenhum caso de malária falciparum, a versão mais grave do mal. De carona no clima de otimismo, Ray Chambers, enviado especial da ONU para malária, prevê a total eliminação de mortes pela doença em escala mundial.

“A expansão do acesso a programas de controle está se traduzindo diretamente em vidas salvas”, disse Chambers. “Se mantivermos os ganhos essenciais desses programas, não teremos mais mortes pela doença em 2015.”

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A OMS atribui os avanços a medidas como distribuição de mosquiteiros tratados com inseticidas e sprays dedetizadores com permetrina em ambientes fechados. Segundo a instituição, só na África Subsaariana os mosquiteiros teriam protegido 578 milhões de pessoas enquanto os químicos teriam impedido que 75 milhões (10% da população em risco) contraíssem a doença em países afetados. A grande vantagem dessas medidas é que seus efeitos duram até seis meses após a aplicação. Métodos mais eficientes e baratos de diagnóstico também foram apontados como heróis da luta contra a doença.

A malária é uma doença infecciosa provocada por um parasita chamado Plasmodium, que é transmitido pelo mosquito Anopheles. Ela causa febre, dor de cabeça e, nos casos graves, pode levar ao coma, insuficiência de múltiplos órgãos e morte. Estima-se que 225 milhões de pessoas sofram da doença no mundo hoje.

Análise dos dados – Segundo Gustavo Johanson, médico do ambulatório de medicina do viajante da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as perspectivas para o combate à doença são realmente boas, mas as previsões da OMS são um tanto exageradas. “Creio que levará um pouco mais de tempo para a erradicação completa da doença no planeta. Na maioria dos exemplos que temos de doenças que foram extintas, como a varíola, contamos com a ajuda de uma vacina. Infelizmente, ainda não temos uma vacina efetiva para malária“, diz.

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Segundo Johanson, o sucesso no combate ao mal se deve fundamentalmente à evolução no diagnóstico. “Quando uma pessoa sofre subsequentes surtos de malária, seu corpo desenvolve imunidade aos sintomas, mas não à doença. Ou seja, ela pode contrair a malária sem apresentar nenhum sinal externo e, por isso, não ser tratada e continuar transmitindo o parasita”, explica. “O esforço da OMS e de ONGs parceiras tem se concentrado em oferecer diagnósticos para interromper esse ciclo. Com maior acesso a exames, as pessoas são testadas periodicamente nas aldeias, a despeito de seus sintomas.”

Turistas – Para o infectologista, o relatório da OMS representa também uma boa notícia para os turistas. “O risco de se contrair malária em viagens está cada vez menor – o que não significa que os deslocamentos sejam 100% seguros”, diz. “Ainda recomendamos o uso do repelente com permetrina no corpo e, em casos de países que oferecem maior risco, de um mosquiteiro e permetrina spray nas roupas. Para quem vai passar por exposições menores à doença, indicamos um medicamento preventivo, que irá tratar a malária mesmo sem a certeza da contração, mas com doses mais fracas”, complementa.

A malária no mundo hoje

(Fonte: Organização Mundial da Saúde)

Estima-se que 225 milhões de pessoas sofram da doença no mundo

O número de mortes no mundo caiu de 985.000 em 2000 para 781.000 em 2009. Os decréscimos aconteceram em todas as regiões em que a OMS atua.

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30 países estão em processo de eliminação da doença

Na África, onze países tiveram um decréscimo de mais de 50% tanto no número de casos quanto de mortes, nos últimos dez anos

Dos 56 países endêmicos fora do continente, 32 tiveram redução de 50% no número de casos da doença nesse período

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42% das casas africanas têm pelo menos um mosquiteiro tratado com inseticida

35% das crianças africanas menores de cinco anos usam mosquiteiros tratados com inseticida – o número, porém, está ainda abaixo da meta da OMS, que é 80%

O número de casos confirmados a partir de diagnóstico cresceu de menos de 5% no começo da década a 35% em 2009. Ele ainda é muito pequeno na maioria dos países africanos

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