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Malária aumenta riscos de infecção pela Salmonella

Processo de defesa do sistema imunológico aumenta a suscetibilidade de infecções pela bactéria

Por Da Redação
19 dez 2011, 14h40

A relação entre as infecções por malária e pela Salmonella acaba de ser explicada pela primeira vez. Em um estudo publicado na revista Nature Medicine, pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres explicam a maneira exata como a malária afeta o sistema imunológico, levando o corpo a sucumbir à nova infecção, causada desta vez pela bactéria Salmonella.

A malária é uma doença que se caracteriza pela infecção dos glóbulos vermelhos do sangue. Ela é causada pelo protozoário Plasmodium, que leva a quadros de febre, inflamação do baço e anemia. A doença pode ser fatal. Já as infecções causadas pela bactéria Salmonella provocam gastroenterite e, por vezes, infecção tecidual local. Ela é transmitida por alimentos contaminados, especialmente carne e produtos com ovos e laticínios.

Pacientes que contraem malária, através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, têm um risco mais elevado de desenvolver também infecções bacterianas que podem ser fatais – especialmente as causadas pela Salmonella. Acreditava-se que isso se devia ao enfraquecimento geral do sistema de defesa do organismo, causado pela malária.

Os pesquisadores descobriram que, na verdade, o aumento da vulnerabilidade às infecções pela Salmonella é um efeito colateral das tentativas do corpo de se proteger contra os efeitos danosos da malária. Esse mecanismo de defesa foi descrito como uma situação conflituosa, onde o corpo se esforça para lutar contra um inimigo, mas fica exposto a outro.

Riscos – Crianças com malária podem desenvolver anemia, o que eleva os riscos de infecções bacterianas severas no sangue, que são causadas em mais de 70% dos casos pela Salmonella não-tifoide (não causadora da febre tifoide). Essa infecção é fatal em mais de 25% das crianças infectadas. Para prevenir essas infecções bacterianas, ou desenvolver um tratamento eficaz, os cientistas precisaram compreender os mecanismos por trás dessa conexão entre a malária e a Salmonella.

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Segundo Eleanor Riley, uma das coordenadoras do estudo, existe uma crença generalizada de que a malária é uma doença imunossupressora. Isso significaria que, uma vez contraída a doença, o paciente ficará suscetível a uma série de outras infecções já que seu sistema imunológico está comprometido. “Nosso estudo, no entanto, mostra que a suscetibilidade aumentada para a infecção da Salmonella se deve a um efeito imunológico específico, que não afeta o sistema imunológico como um todo”.

Infecções pelo protozoário da malária periodicamente levam as células vermelhas a explodir, liberando assim a prole do parasita que estava se multiplicando ali dentro e um produto da quebra da hemoglobina chamado heme – que é extremamente tóxico quando está fora das células vermelhas.

Os pesquisadores descobriram, então, que em ratos infectados com malária (têm a mesma suscetibilidade à Salmonella que os humanos) a resposta natural do corpo para se defender do heme (fruto da malária) é uma enzima chamada HO-1. Essa enzima afeta o sistema imunológico deteriorando as células brancas que poderiam lutar contra a segunda infecção, causada pela bactéria Salmonella.

“A chave é a ruptura dessas células vermelhas do sangue”, diz Aubrey Cunningyon, uma das coordenadoras do estudo. “Pacientes com anemia falciforme, onde há um dano similar às células vermelhas, também são mais suscetíveis à Salmonella não-tifoide. Mas, numericamente falando, a malária é a causa mais comum dessa infecção. Onde a incidência de malária está em decréscimo, também estão as infecções por Salmonella.”

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